Nativa da Amazônia, encontra-se distribuída nos estados de Roraima, Rondônia, Acre, Amazonas, Tocantins, Amapá, Pará, Maranhão e Mato Grosso, especificamente nas matas várzeas inundáveis ou não. Pode ser encontrada também na Bolívia, Equador, Venezuela, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname e Trinidad (Caribe). Suas principais indicações são: anti-inflamatória, antitumoral, antirreumática, antiartrítica, analgésica, antioxidante, antiasmática, antidisentérica, antiespasmódica, gastroprotetora, hipotensora, vasodilatadora, antimicrobiana e imunoestimulante[1,2,3,4,5,6,7,8].
Liana ou arbusto lenhoso, robusto e vigoroso, pouco ramificado, perenifólio, com cerca de 10 a 30 m de altura, o tronco de plantas adultas podem atingir de 10 a 30 cm de diâmetro, os ramos jovens em forma quadrangular, talos com espinhos em forma de chifre de carneiro (o que não facilita a adesão em outras plantas) localizados em cada axila foliar; folhas simples, opostas, ovaladas a elípticas, membranáceas, medindo de 6 a 15 cm de comprimento x 2,5 a 11 cm de largura, curto pecioladas, com brilho intenso na parte superior, nervuras laterais proeminentes de 4 a 6 pares; inflorescências em glomérulos axilares, pedunculados, globosos, de 1,4 a 3, cm de diâmetro, com flores de até 3 cm de comprimento, branco-amareladas (tenro) e laranja-avermelhada (madura); fruto bivalvo, de cor castanho escuro, de 9 a 25 mm de comprimento e 5 a 7 mm de diâmetro; sementes oblongas, dispersíveis, minúsculas medindo cerca de 1 a 2 mm[1,2,3,4,5].
Nome popular | Local | Parte da planta | Indicação | Modo de preparo | Forma de uso | Restrição de uso | Referências |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Unha-de-gato, unha-de-cigana, carrapato-amarelo e garra-de-gavião | Tribos indígenas da Amazônia (Brasil) | Ramos finos | Antidisentérica. |
Chá. |
- |
- |
[
1
]
|
Unha-de-gato, unha-de-cigana, carrapato-amarelo e garra-de-gavião | Tribos indígenas da Amazônia (Brasil) | - | Antiasmática, antiartrítica, antirreumática, anti-inflamatória, analgésica, antitumoral e no tratamento de úlceras gástricas. |
- |
- |
- |
[
1
]
|
Jupindá vermelho | Foz do Rio Mazagão (Amapá, Brasil) | Folha e casca | Antidiarreica, anti-hemorrágica e antitumoral. |
Decocção. |
Tomar 1 copo 3 vezes ao dia/7 dias. |
- |
[
2
]
|
- | - | Casca | Antigripal e antitussígena. |
Maceração com água quente. |
Quando o macerado apresentar coloração de café, deve-se tomar 1 colher (de sopa) 3 vezes ao dia/4 dias. |
Usar com cautela, pois é toxica. |
[
3
]
|
- | - | Casca | Anti-inflamatória, antirreumática, antitumoral, contraceptiva e antitumoral. |
Decocção. |
- |
- |
[
3
]
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Unha de gato, garabato e unganangi | Peru | Casca | Antitumoral, antirreumática, antiartrítica, hipoglicemiante, hepatoprotetora (cirrose), gastroprotetora e nos casos de conjuntivite. |
Decocção: 2 colheres (de sopa) do material vegetal/1,5 L água. Ferver por 30 minutos. Filtrar. |
Tomar meio copo 3 vezes ao dia, antes das refeições. |
- |
[
3 ,
4
]
|
Referências bibliográficas
Anti-inflamatória e Antioxidante
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Casca |
Extrato liofilizado. Outra espécie em estudo: Uncaria tomentosa. Concentrações para ensaio: 1 a 1000 ng/mL. |
In vitro: Determinar a atividade antioxidante dos extratos através do radical DPPH. Em macrófagos murino (RAW 264.7) estimulados por lipopolissacarídeo (LPS), pré-tratados com os extratos vegetais, com posterior análise dos níveis de TNF-α (ELISA) e PGE2 (EIA).
|
Os extratos de U. guianensis e U. tomentosa apresentam atividades anti-inflamatória, pois inibe principalmente a produção de TNF-α, e antioxidante. |
[
1
] |
Casca |
Extrato aquoso (50 g/L, p/v). Outra planta em estudo. Uncaria tomentosa. Dose para ensaio (in vivo): 5 mg/mL. |
In vitro: Determinar atividade antioxidante através dos radicais DPPH, ABTS e OH (MDA). Em homogenato do cérebro de camundongos C57BL6, incubados com extratos vegetais, com posterior análise de peroxidação lipídica (TBARS). Em macrófagos (RAW 264.7), estimulados por lipopolissacarideo (LPS) e incubados com extratos vegetais, com posterior análise dos níveis de TNF-α. In vivo: Em ratos Sprague-Dawley portadores de gastrite induzida por indometacina, tratados com extratos vegetais, com posterior análise do tamanho das lesões gástricas, expressão de TNF-α e detecção de apoptose. |
Observou-se que o extrato de U. guianensis apresenta atividade antioxidante e anti-inflamatória mais potente, quando comparado ao de U. tomentosa. |
[
5
] |
Casca, Folha e raiz |
Extratos: infusão (folha) e decocção (casca e raiz) de 50 g do material vegetal (pó) em 1 L de água. |
In vitro: Em cultura de células estromais do endométrio eutópico, de pacientes portadoras de endometriose retrocervical ou ovariana, incubadas com os extratos vegetais, com posterior análise em modelo 2D e 3D, da viabilidade e suscetibilidade celular, níveis de espécies reativas ao oxigênio (EROs), EGF, VEGF, TGF-α, TNF-α, TNF-β, IL-1A, IL-1B, IL-2, IL-4, IL-6, IL-8, IL-10, IL-15, e IL-17A.
|
Observou-se que os extratos de U. guianensis não apresentam atividade antioxidante e anti-inflamatória em lesões endometrióticas. |
[
7
] |
Anti-inflamatória e Antitumoral
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Casca |
Extrato etanólico à 95%. Fração e subfrações: acetato de etila (solúvel e insolúvel). |
In vitro: Em cultura de macrófagos (RAW 264.7), células de câncer de mama 4T1(murino) e MCF-7 (humano), células de carcinoma da próstata de humano (PC3) e células de carcinoma uterino humano (HeLa), incubadas com o extrato e fração vegetais, com posterior análise de citotoxicidade. Em cultura de macrófagos (RAW 264.7), estimulados por lipopolissacarídeo (LPS), incubadas com extrato e fração vegetal, com posterior análise dos níveis e expressão de TNF-α, IL-6, PGE2, NO, COX-2, iNOS e IκB-α (ELISA e citometria de fluxo), e em célula HeLa transfectadas com gene repórter Luciferase, incubadas com extrato e fração vegetais e TNF-α humano recombinante (hu-TNF-α), com posterior análise da atividade enzimática. In vivo: Em camundongos BALB/c e ratos Sprague-Dawley portadores de inflamação aguda induzida por lipopolissacarídeo (LPS) e edema de pata induzido por carragenina, tratados com extrato e subfrações vegetais, com posterior análise dos níveis de TNF-α, IL-6 e NO; e submetidos a inoculação de células tumorais mamárias 4T1, tratados com extrato e subfrações vegetais, com posterior análise das dimensões do tumor, metástase pulmonar, níveis e expressão de TNF-α, IL6, CD3, CD4, CD20, CD14, COX-2, iNOS, elastase e p65. |
Observou-se que U. guainensis apresenta atividade anti-inflamatória e antitumoral, por inibição da via NF-kB. |
[
2
] |
Antialérgica e Anti-inflamatória
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Folha |
Extrato: 30 g do material vegetal (pó) em etanol. Rendimento: 11%. Concentrações para ensaio (in vitro): 0,5 à 500 µg/mL. Doses para ensaio (in vivo): 25 à 200 mg/kg. |
In vitro: Em macrófagos peritoneais de camundongos C57BL/6, incubados com extrato vegetal, com posterior análise de viabilidade celular (ensaio MTT); e estimulados por lipopolissacarídeo (LPS), com posterior análise dos níveis de NO, IL-5 e CXCL1. In vivo: Em camundongos Swiss e C57BL/6, submetidos aos testes de edema de pata induzida por zimosan, edema de pata alérgico induzido por ovalbumina/hidróxido de alumínio e pleurisia induzida por zimosan/lipopolissacarideo (LPS), pré-tratados como extrato vegetal com posterior análise da espessura do edema, quantificação de proteínas no líquido pleural e níveis de IL-5 em esplenócitos (em ovalbumina/hidróxido de alumínio). |
Observou-se que o extrato de U. guianensis apresenta atividade anti-inflamatória e antialérgica. |
[
4
] |
Antibacteriana
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Casca |
Extrato etanólico. Outras espécies em estudo: Copaifera reticulate, Simaba cedron, Licania macrophylla, Dalbergia subcymosa, Calophyllum brasiliense, Geissospermum argenteum, Brosimum acutifolium, Ptycopetalum olacoides e Hymenaea coubaril. |
In vitro: Em cepas de Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis e Streptococcus pneumoniae, incubadas com extratos vegetais, submetidas ao teste de disco-difusão em ágar, para determinar concentração inibitória mínima (CIM).
|
Observou-se que os extratos vegetais apresentam atividade antibacteriana, principalmente contra cepas de S. aureus. |
[
8
] |
Antiviral e Imunomoduladora
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Folha e casca |
Extratos: 787 e 528 g do material vegetal (folha e casca secas) em água/etanol (1:1 v/v). Rendimento: 187 e 18 g, respectivamente. Concentrações para ensaio: 0,1 à 50 µg/mL. |
In vitro: Em células de carcinoma hepatocelular de humanos (Huh-7), incubadas com extratos vegetais, com posterior análise da citotoxicidade; e infectadas com vírus da dengue (DENV-2), com posterior análise dos níveis de antígeno-DENV, viabilidade celular, proteína não estrutural NSI, níveis de citocinas IL-6, IL-8 e fator inibidor da migração de macrófagos (MIF).
|
Observou-se que os extratos de U. guianensis apresentam atividades antiviral, imunomoduladora e hepatoprotetora. |
[
3
] |
Quimiopreventiva
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Casca |
Chá CoDTM (Uncaria guianensis, U. tomentosa e Tabebuia avellanedae): infusão de 10 g do material vegetal (pó) em 750 mL de água. |
In vivo: Em camundongos CBA/Ca haplótipos H-2K, tratados com o extrato vegetal e 7,12-dimetilben[a]antraceno (DMBA), com posterior análise da expressão de marcadores oncológicos/supressores (c-myc, Bcl-2, p53 e Ha-ras) em homogenato do fígado, pulmão, rim e baço. |
Observou-se que o chá CoDTM reduz a expressão de genes oncológicos. |
[
6
] |
Referências bibliográficas
Farmácia da Natureza
[
1
]
Tintura |
Alcoolatura |
||
Componente |
Quantidade |
Componente |
Quantidade* |
Etanol/água 70% |
1000 mL |
Etanol/água 80% |
1000 mL |
Ramo e caule seco |
100 g |
Ramo e caule fresco |
200 g |
Tintura: pesar 100 g de ramo e caule secos, pulverizados e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 70%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.
Alcoolatura: pesar 200 g de ramo e caule frescos, lavar, picar e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 80%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.
Doenças inflamatórias agudas e crônicas e processos dolorosos crônicos.
Uso oral: tomar de 1 a 3 gotas por quilo de peso, divididas em 3 vezes ao dia, sempre diluídas em água (cerca de 50 mL ou meio copo).
Farmácia da Natureza
[
2
]
Componente |
Número da cápsula e quantidade |
Uncaria guianensis (droga vegetal) |
N° 0 (420 a 430 mg) |
Q.s.p |
1 cápsula |
Pulverizar a droga vegetal (ramo e caule) e encapsular.
Doenças inflamatórias agudas e crônicas e processos dolorosos crônicos.
Uso oral: tomar 1 cápsula, à noite.
Farmácia da Natureza
[
3
]
Componente |
Quantidade |
Folha e ramo secos rasurados |
1,4 a 1,6 g ou uma colher de sopa caseira rasa |
Água q.s.p. |
150 mL |
Componente |
Quantidade |
Casca do caule seca pulverizada |
0,4 a 0,6 g ou uma colher de café rasa |
Água q.s.p. |
150 mL |
Preparar por infusão, por 5 minutos.
Doenças inflamatórias agudas e crônicas e processos dolorosos crônicos.
Uso oral: adultos devem tomar 150 mL (1 xícara de chá) do infuso duas vezes ao dia.
Referências bibliográficas
Ácidos
quínico, quinínico e clorogênico.
Açúcares livres
Alcaloides pentacíclicos indólicos
acuamigina, augustina, augustolina, isoamalicina, tetrahidroalstonina.
Alcaloides pentacíclicos oxindólicos
especiofilina, mitrafilina, isomitrafilina, pteropodina, isopteropodina e uncarina E e F.
Alcaloides tetracíclicos indólicos
corinanteína, dihidrocorinanteína, hirsutina e hirsuteína.
Alcaloides tetracíclicos oxindólicos
isorinchofilina, rinchofilina, corinoxeína, isocorinoxeína, rotundifolina e isorotundifolina.
Ésteres
éster etílico de feoforbida.
Flavonoides
kaempferol, kaempferitina, dihidrokaeferol, catequina, epigalocatequina, epicatequina e galato de epigalocatequina.
Glicosídeos
ácido quinóvico, ácido quinóvico 3-β-O-[β-D-glucopiranosil-(1--3)β-D-fucopiranosil]-(27--1)-β-D-glucopiranosiléster, ácido quinóvico 3-β-O-D-fucopiranosídeo, ácido quinóvico-3-β-O-D-fucopiranosil-(27--1)-β-D-glucopranosiléster, ácido quinóvico 3-β-O-β-D-quinovopiranosídeo.
Polifenóis
epicatequina e procianidina.
Taninos
Referências bibliográficas
suspender o uso se houver alguma reação indesejável. O uso contínuo não deve ultrapassar 15 dias, podendo repetir o tratamento, se necessário, após intervalo de 7 dias[1,2].
em crianças menores de 3 anos, gestantes, lactantes, pacientes alcoolistas, abstêmios ou em tratamento para o alcoolismo (referente ao uso de formulações contendo etanol), transplantados, portadores de coagulopatias ou histórias de hemorragias (observar possíveis hematomas durante o tratamento). Evitar em pacientes hemofílicos que recebem crioprecipitados de plasma sanguíneo fresco[1,2,3,4].
pode ocorrer cansaço, febre, aumento de ácido úrico, e em doses mais elevadas, diarreia ou obstipação dependendo da sensibilidade do indivíduo. Pode causar infertilidade transitória na mulher após 3 meses de uso. No início do tratamento, em pacientes mais sensíveis, e em doses mais elevadas, pode provocar hipotensão ortostática. Em doses tóxicas pode afetar o nervo óptico e o pâncreas[1,2,3,4].
evitar uso concomitante com antiácidos, inibidores da histamina (H2), anticoagulantes (potencializa o efeito causando hemorragias, especialmente antes de procedimentos cirúrgicos), antiagregantes plaquetários, vacinas passivas ou terapia endovenosa hiperimunoglobulínica. Evitar o uso junto com citostáticos químicos ou imunossupressores. Em indivíduos que usam laxativos, podem ocorrer cólicas e diarreias transitórias. Pode potencializar a ação anti-hipertensiva de vários agentes hipotensores, principalmente os betabloqueadores. Como inibe o sistema do citocromo P450, pode interferir com o efeito de várias drogas que são metabolizadas ou biotransformadas por este sistema. Protege contra o efeito irritativo gastrointestinal dos anti-inflamatórios não hormonais[1,2,3,4,5].
Referências bibliográficas
multiplica-se por sementes e estacas. As sementes devem ser depositadas sobre substrato leve (comercial ou preparado com solo misturado a resíduos vegetais como palha de arroz ou café, acrescido de húmus). A germinação inicia a partir do 20° dia após a semeadura. As plântulas devem permanecer em vivieiro por 4 meses. Após este período, recomenda-se individualiza-las em recipientes contendo solo e esterco (1:1), permanecendo em viveiro por mais 3 meses. O plantio em local definitivo deve ser realizado na época das chuvas [ 1 , 2 ] .
esta espécie apresenta expressiva variação no conteúdo de alcaloides, assim a propagação in vitro (micropropagação) é recomendada [ 2 ] .
Referências bibliográficas