Originária dos Andes Chileno e Peruano, encontra-se distribuída desde a Província de Limarí até a Província de Osorno. Pode ser encontrada também no Equador, Argentina, Bolívia e Peru, bem como na costa oeste dos Estados Unidos, regiões montanhosas do Mediterrâneo e no norte da África. Suas principais indicações são: colerética, colagoga, hepatoprotetora, anti-inflamatória, antirreumática, antioxidante, anti-helmíntica, antibacteriana, antifúngica, desintoxicante, antiespasmódica, diurética, antisséptica das vias urinárias e sedativa suave[1,2,3,4,5,6,7,8,9,10].
Arbusto perene, dióico, de 8 a 12 m de altura, de copa arredondada e frondosa, de tronco curto, córtex de coloração cinza-amarronzado, delgado, ligeiramente rugoso e ressecado (em plantas mais antigas); folhas simples, com 2,5 a 8 cm de comprimento, opostas, ovaladas ou elípticas, coriáceas, com bordas voltadas para baixo, nervuras salientes na parte inferior, coberta de pelos verrucosos e ásperas ao tato (adaxial), de coloração verde acinzentada (abaxial), curto pecioladas, aromáticas, com odor canforáceo e cítrico, semelhante a espécie Dysphania ambrosioides (erva-de-Santa-Maria); flores branco-amareladas, campanuladas, em cachos terminais de flores masculinas e femininas; fruto em drupa ovoide, com 6 a 8 cm de comprimento, de cor amarela[1,2,3,4,5].
Nome popular | Local | Parte da planta | Indicação | Modo de preparo | Forma de uso | Restrição de uso | Referências |
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Boldo e boldu | Chile | Folha | Digestiva, colagoga, colerética e calmante. |
Infusão. |
- |
- |
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1 ,
2
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Boldo e boldu | Chile | Folha | Analgésica (nas neuralgias ou dores reumáticas). |
Decocção ou infusão. |
Uso externo: na forma de cataplasma ou banho. |
- |
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1 ,
2
]
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Boldo e boldu | Chile | - | Hepatoprotetora, antissifilítica, no tratamento de hidropisia e dor de ouvido. |
- |
- |
- |
[
2
]
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Boldo e boldu | Chile (indígenas mapuches) | - | Antirreumática e no tratamento de luxações. |
- |
- |
- |
[
2
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Boldo-do-Chile e boldo-verdadeiro | Brasil | Folha | Estomáquica, colerética, diurética, no tratamento de distúrbios hepáticos e na colelitíase. |
Decocção: 10 g do material vegetal em 1 xícara de água. Coar. |
Tomar meia xícara (de chá) 2 vezes ao dia. |
Não confundir com as espécies Coleus barbatus (boldo-nacional) e Gymnanthemum amygdalium (boldo-da-terra) também conhecidas popularmente com boldo, apesar de apresentarem indicações terapêuticas em comum. |
[
3
]
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Boldo-do-Chile e boldo-verdadeiro | Brasil | Folha | Colagoga, colerética, no tratamento de problemas hepáticos, cálculos biliares, dispepsia e prisão de ventre. |
Infusão: 2,5 a 10 g do material vegetal triturado em 1 xícara de água. |
Tomar em dose única ou dividido em até 3 vezes ao dia. |
Não confundir com as espécies Coleus barbatus (boldo-nacional) e Gymnanthemum amygdalium (boldo-da-terra) também conhecidas popularmente com boldo, apesar de apresentarem indicações terapêuticas em comum. |
[
4
]
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Boldo | Brasil | Folha | Antidispéptica. |
Infusão: 1 a 2 g (1 a 2 colheres de chá) do material vegetal em 150 mL de água (xícara de chá). |
Tomar 1 xícara (de chá) 2 vezes ao dia. |
É contraindicado o uso interno do óleo essencial devido a presença do ascaridol, que a partir de 300 mg pode provocar vômitos, diarreia e irritação renal, além de efeitos narcóticos e convulsivantes em doses mais altas. Não deve ser indicado na gravidez e lactação. |
[
5
]
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Boldo | Guatemala | Folha | No tratamento de doenças hepáticas. |
Decocção. |
Uso oral. |
- |
[
6
]
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Referências bibliográficas
Anti-inflamatória
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Fruto |
Extrato: 50 g de material vegetal (amassadas e centrifugadas), extraído posteriormente, em metanol. Concentrações para ensaio: 0,1 a 10%; 0,20 e 25 mg/mL. |
In vitro: Em cultura de macrófagos murino (RAW 264.7) incubados com o extrato vegetal, com posterior análise da viabilidade celular (MTT) e ativação de NF-κB na presença de LPS. Em culturas de Salmonella enterica, Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Candida albicans e Cryptococcus sp. submetidas ao teste de diluição em ágar para determinar a concentração inibitória mínima (CIM).
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O extrato de P. boldus apresenta atividade anti-inflamatória, exceto antimicrobiana, além de ausência citotoxicidade. |
[
3
] |
Anti-inflamatória e Antioxidante
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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- |
Fluxonorm®: associação dos extratos de Ononis spinosa, Solidago virga-aurea, Phyllantus niruri, Peumus boldus e Epilobium angustifolium (12,5:12,5:18,7:25,0:31,2). Concentração para ensaio: 800 µg/mL. |
In vitro: Em cultura de células de câncer de próstata humano (PC3) incubadas com a combinação de extratos vegetais, com posterior análise da viabilidade celular (MTT), níveis de prostaglandina-2 (radioimunoensaio) e expressão de cicloxigenase-2 (RT-PCR).
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O fitoterápico Fluxonorm® apresenta atividade anti-inflamatória e antioxidante. |
[
2
] |
Anti-inflamatória e Hepatoprotetora
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Folha |
Extrato: 250 kg do material vegetal (pó) em 600 L de etanol a 70% (v/v). Rendimento: 25%. Padronizado: 0,2 a 0,4% de alcaloides e 0,06 a 0,115% de boldina. Concentrações para ensaio: 0,5 a 1 mg/mL. Doses para ensaio: 100 a 1000 mg/kg. |
In vitro: Em hepatócitos isolados de camundongos Swiss, incubados com o extrato vegetal e hidroperóxido de terc-butila, com posterior análise da peroxidação lipídica (MDA) e nível de LDH (método enzimático). In vivo: Em ratos portadores de hepatotoxicidade induzida por tetracloreto de carbono (CCl4), tratados com o extrato vegetal, com posterior análise do nível de ALAT; em animais normais submetidos a administração do extrato vegetal, com posterior análise do fluxo biliar basal e volume do edema de pata induzido por carragenina. |
O extrato de P. boldus apresenta atividade hepatoprotetora e anti-inflamatória, contudo não demostra ação colerética. |
[
7
] |
Antimutagênica
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Folha |
Extrato: 10 g de material (seco) em 200 mL de água. Outra espécie em estudo: Cryptocarya alba. |
In vitro: Determinar a atividade mutagênica e antimutagênica do extrato vegetal (associado ou não com etilmetanossulfonato) em linhagem de Drosophila melanogaster.
|
Os extratos de P. boldus e C. alba apresentam atividade antimutagênica quando em associação com etil metanossulfonato (agente mutagênico), além da ausência de ação mutagênica. |
[
4
] |
Antioxidante e Inibidora da enzima acetilcolinesterase
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Extrato: decocção e infusão de 10 g de material (fresco) em 300 mL de água. Rendimento: 116 mg/g e 19 mg/g (extrato/planta), respectivamente. |
In vitro: Determinar a atividade inibitória da enzima acetilcolinesterase (AChE) e antioxidante através da eliminação do radical DPPH. Determinar a composição química dos extratos vegetais e parâmetros bioquímicos do sistema digestivo após passagem pelo trato gastrointestinal (TGI). Em cultura de células humanas de adenocarcinoma colorretal (Caco-2) e de câncer cervical (HeLA) incubadas com os extratos vegetais, com posterior análise atividade antiproliferativa (ensaio MTT) e expressão de proteínas (eletroforese em gel 2D).
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Os extratos aquosos de P. boldus apresentam atividades inibitória da AChE (aumenta a motilidade gastrointestinal) e antioxidante, sem alterar os parâmetros bioquímicos do sistema digestivo, além da ausência de toxicidade para células Caco-2. |
[
1
] |
Hepatoprotetora e Quimioprotetora
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Folha |
Extrato: infusão de 5 g do material vegetal em 100 mL de água. Doses para ensaio: 5% e 6 mg/kg. |
In vivo: Em camundongos Balb-C portadores danos oxidativos hepáticos induzidos por cisplatina, pré-tratados com o extrato vegetal, com posterior análise da peroxidação lipídica (MDA) em homogenato hepático. |
O extrato aquoso de P. boldus apresenta atividade hepatoprotetora e quimioprotetora, devido a ação antioxidante potente. |
[
10
] |
Redutora da toxicidade por cobre
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Folha |
Extrato: 40 g de material vegetal (seco) em 400 mL de água. Dose para ensaio: 5mg/mL. |
In vitro: Em moscas Drosophila melanogaster portadoras de toxicidade induzida por cobre (Cu2+), co-tratadas com o extrato vegetal, com posterior análise da atividade motora, incidência de mortalidade, atividade das enzimas acetilcolinesterase (AChE) e glutationa S-transferase (GST), expressão de Sod, CaT, TrxR1, Nrf2, Ctr1A, Atp7A e Ace.
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O extrato de P. boldus reduz a toxicidade induzida por cobre, contudo não impede a absorção deste elemento químico. |
[
6
] |
Redutora da toxicidade por manganês
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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- |
Extrato: infusão de 1 g de material vegetal em 10 mL de água. Dose para ensaio: 5 mg/mL. |
In vitro: Em moscas Drosophila melanogaster portadoras de alterações comportamentais e oxidativa induzidas por manganês (Mn), co-tratadas com o extrato vegetal, com posterior análise de geotaxia negativa, campo aberto, taxa de mortalidade, níveis de TBARS e dopamina (em homogenato da cabeça e corpo).
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O extrato de P. boldus reduz a toxicidade induzida por manganês. |
[
9
] |
Regeneradora hepática
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Folha |
Extrato: 20 g de material (pó) em 200 mL de água. Dose para ensaio: 100 mg/kg. |
In vivo: Em ratos Wistar submetidos a hepatectomia parcial, pré-tratados com o extrato vegetal, com posterior análise de parâmetros bioquímicos (colesterol, glicose, triglicerídeos, AST, ALT, ALP, GGT, ALB, BT, BD e BI), proliferação de hepatócitos (Ki-67), apoptose e histológica. |
O extrato aquoso de P. boldus apresenta atividade promissora na regeneração hepática, além de não alterar a função deste órgão. |
[
5
] |
Referências bibliográficas
Referências bibliográficas
Ácidos
cítrico, 3,4-dihidroxibenzóico, vanílico, siríngico, gálico, cafeico, ferúlico e cumárico.
Alcaloides isoquinolínicos
(-)-pronuciferina (tipo proaporfina), (+)-reticulina (tipo aporfina), coclaurina, sinoacutina, isocoridina, norisocoridina, boldina, isoboldina, secoboldina, laurotetanina, laurolitsina, sinoacutina (morfinandienona), reticulina e higenamina.
Cumarinas
Flavonoides
caempferol, quercetina, quercitrina, catequina, ramnetina, isoramnetina, peumosídeo, boldosídeo, fragrosídeo, crisina e rutina.
Óleos essenciais
p-cimeno, ascaridol, 1,8-cineol, linalol, terpinen-4-ol, α e γ-terpineno, fencona, terpinoleno, eucaliptol, alcanfor, eugenol, limoneno, α e β-pineno, β-felandreno, benzoato de benzila, benzaldeído, canfeno, car-3-eno, α-hexil cinnamaldeído, cuminaldeído, eugenol metiléter, farnesol, fenchona, α-metil ioneno, N-metil-laurotetanina, linalol, mirtenal, 2-p-toluipropeno, dietilphatalato, sabineno, esparteína, acetato soronil, terpin-N-en-ol, terpinoleno e decan-2-ona.
Resinas
Taninos
Vitaminas
B.
Referências bibliográficas
suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Há experiência de sua indicação a partir dos 6 anos, sendo esta prática sempre orientada pelo profissional pediátrico. O uso contínuo não deve ultrapassar 30 dias[4,5].
em gestantes, lactantes, pacientes portadores de distúrbio renal, obstrução dos ductos biliares, cálculos biliares, colangite, câncer do ducto biliar e pâncreas, doença hepática e pacientes alcoolistas, abstêmios ou em tratamento para o alcoolismo (referente ao uso de formulações contendo etanol)[1,2,4,5,6].
doses excessivas ou uso prolongado podem causar vômitos, diarreias, tonturas, convulsões, alucinações, paralisia, depressão, irritação dos túbulos renais e afasia motora parcial. O óleo contém ascaridol que é toxico, não sendo recomendado o uso interno. O óleo também possui o constituinte químico terpinen-4-ol que é muito irritante para a pele[1,2,3,5,6,7].
não há dados na literatura.
Referências bibliográficas
por sementes. Desenvolve-se melhor em zonas com baixa umidade, solo pedregoso e altitude no mínimo de 1500 m [ 1 ] .
esta espécie é raramente cultivada no Brasil, devido a adaptação climática [ 1 ] .
Referências bibliográficas