Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb.

Marupari, marupazinho, palmeirinha e wá-ro.

Sinonímia 
Eleutherine plicata Herb. ex Klatt
Família 
Informações gerais 

Nativa da América do Sul, sendo encontrada nos países tropicais. Cultivada em todo o mundo, especialmente na África e Ásia. Suas principais indicações são: antibacteriana, antifúngica, antiparasitária, antiviral, antidiarreica, anti-inflamatória, antioxidante e analgésica[1,2,3].

Referências informações gerais
1 - PEREIRA, A. M. S. (Org.). Formulário de Preparação Extemporânea: Farmácia da Natureza – Chás Medicinais. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2017, p. 79-80.
2 - LORENZI, H. & MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. 2 ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2008, p. 300-301.
3 - SHI, P. et al. Total phenolic, flavonoid content, and antioxidant activity of bulbs, leaves, and flowers made from Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. Food Sci Nutr, v. 7, n. 1, p.148-154, 2018. doi: 10.1002/fsn3.834
4 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 2 ed. São Paulo: Bertolucci, 2014, p. 118-119.
Descrição da espécie 

Planta herbácea, entouceirada, acaule, de 20 a 30 cm de altura; folhas simples, inteiras, plissadas longitudinalmente, com 25 cm de comprimento; as flores são brancas ou rosadas (abrem apenas ao pôr do sol), em panícula no ápice de um longo escapo rígido acima da folhagem; possui bulbos com escamas, de cor vinho externamente, liberando um exsudado branco quando cortados[1,2].

Referências descrição da espécie
1 - LORENZI, H. & MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. 2 ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2008, p. 300.
2 - SHI, P. et al. Total phenolic, flavonoid content, and antioxidant activity of bulbs, leaves, and flowers made from Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. Food Sci Nutr, v. 7, n. 1, p.148-154, 2018. doi: 10.1002/fsn3.834
Nome popular Local Parte da planta Indicação Modo de preparo Forma de uso Restrição de uso Referências
Marupari e marupazinho Brasil Bulbilho

Antiparasitária.

Decocção: 1 a 2 colheres (de sopa) da droga vegetal em pó em meio litro de água. Ferver por 1 minuto.

Dividir o preparado em 4 porções e ingerir 4 vezes ao dia após as refeições. Armazenar em geladeira por no máximo 24 horas.

Utilizar em doenças de baixa gravidade e por período máximo de 30 dias. Não indicada para gestantes e lactantes.

[ 1 ]
- Haiti Bulbo

Contraceptiva.

-

-

-

[ 2 ]
- - Bulbo

Antimicrobiana e no tratamento de doenças cardíacas (dilatadora coronariana).

Extrato.

-

-

[ 2 ]
Marupari, marupazinho, palmeirinha e wá-ro Amazônia (Brasil) -

No tratamento da diarreia e amebíase.

Decocção: 2 bulbos (cortados em pequenos pedaços) em meio litro de água. Ferver por 15 minutos.

Tomar 1 xícara (chá) antes das refeições. Armazenar por período máximo de 24 horas.

-

[ 2 ]
- Guianas (indígenas) Bulbo

Contusões e cicatrizante de feridas.

Emplasto.

Uso externo.

-

[ 2 ]
- Guianas (indígenas) Bulbo

Antiepiléptica.

Suco com adição de sal.

Uso interno.

-

[ 2 ]
Wasey laãnga Guiana Francesa (índios Wayãpi da Bacia de Oyapock) Bulbo

No tratamento da leishmaniose cutânea.

Suco ou decocção.

Cataplasma.

-

[ 3 ]
Sangue de dragão Trinidad e Tobago Bulbo

No tratamento de problemas do sistema reprodutor feminino.

-

-

-

[ 4 ]
- Colômbia, Bolívia, Peru, Haiti e Península Malaia Bulbo

Antifertilidade, antidiarreica, antidisentérica, antianêmica, cicatrizante, no tratamento de cólica menstrual e corrimento vaginal.

-

-

-

[ 4 ]

Referências bibliográficas

1 - PANIZZA, S. T. et al. Uso tradicional de plantas medicinais e fitoterápicos. São Luiz: Conbrafito, 2012, p. 199.
2 - LORENZI, H. & MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. 2 ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2008, p. 300-301.
3 - ODONNE, G. et al. Treatment of leishmaniasis in the Oyapock basin (French Guiana): A K.A.P. survey and analysis of the evolution of phytotherapy knowledge amongst Wayãpi Indians. J Ethnopharmacol, v. 137, n. 3, p.1228-1239, 2011. doi: 10.1016/j.jep.2011.07.044 
4 - LANS, C. et al. Ethnomedicines used in Trinidad and Tobago for reproductive problems. J Ethnopharmacol Ethnomed, v. 3, p.1-12, 2007. doi: 10.1186/1746-4269-3-13

Antimicrobiana

Antimicrobiana
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Bulbo

Extrato: 100 g do material vegetal (pó) em 200 mL de água ou metanol, separadamente.

In vitro:

Em microrganismos Bacillus cereus, Stabphylococcus aureus, Eschericia coli, Salmonella typhimurium, Shigella sonnei, S. dysentriae, S. flexneri e Vibrio cholerae, incubados com os extratos vegetais e submetidos ao método de disco-difusão em ágar para determinar a concentração inibitória mínima (CIM).

 

Neste estudo, das 662 plantas analisadas, 38 apresentam atividade antimicrobiana significativa, e dentre estas estão os extratos de E. bulbosa.

[ 2 ]

Antioxidante

Antioxidante
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Bulbo, Folha e flor

Extrato.

In vitro:

Determinar a atividade antioxidante através da capacidade de eliminação de peróxido e em células HepG2 incubadas com os diferentes extratos vegetais, com posterior análise por fluorescência.

 

Observou-se que o extrato do bulbo de E. bulbosa apresenta atividade antioxidante mais potente, contudo o extrato da flor apresenta as maiores concentrações de fenóis e flavonoides totais.

[ 1 ]
Ensaios toxicológicos

Antifertilidade

Antifertilidade
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Bulbo

Suco: 10 g do material vegetal (triturada) equivale à 0,5 mL de suco e extrato etanólico (400 mg/kg). Outras espécies em estudo: Caseariu ilicifolia, Rhoeo spathacea e Stemodia durantifolia.

In vitro:

Em tecido uterino de ratos incubado com o suco vegetal, com posterior análise da atividade ocitotóxica.

 

In vivo:

Em ratos tratados com o suco ou extrato vegetal, com posterior análise da incorporação uterina de progesterona ou estrogênio marcados com radioatividade.

Em ratas férteis e submetidas ao acasalamento, tratadas com o extrato vegetal, com posterior análise da implantação uterina, toxicidade materna (fígado e baço) e fetal.

Observou-se que o extrato etanólico de E. bulbosa apresenta atividade antifertilidade, além de efeitos colaterais maternos.

[ 3 ]

Toxicidade aguda e subaguda

Toxicidade aguda e subaguda
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Bulbo

Extrato: maceração de 500 g do material vegetal (pó) em etanol a 96%. Fração: diclorometano. Concentrações para ensaio (in vitro): 12,5 a 200 µg/mL. Doses para ensaio (in vivo): 1000 e 2000 mg/kg.

In vitro:

Em cultura de células Vero incubadas com o extrato e frações vegetais, com posterior análise de citotoxicidade (ensaio MTT) e genotoxicidade (teste do Cometa); em células HepG2 para determinar a atividade antioxidante através do radical DPPH.

 

In vivo:

Em camundongos BALB/C-An submetidos ao teste de toxicidade aguda e subaguda.

O extrato etanólico e a fração de diclorometano de E. plicata apresentam citotoxicidade devido a presença das naftoquinonas, contudo, não demonstram sinais de toxicidade nos ensaios in vivo.

[ 4 ]

Referências bibliográficas

1 - SHI, P. et al. Total phenolic, flavonoid content, and antioxidant activity of bulbs, leaves, and flowers made from Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. Food Sci Nutr, v. 7, n. 1, p.148-154, 2018. doi: 10.1002/fsn3.834
2 - PANDA, S. K. et al. Large scale screening of ethnomedicinal plants for identification of potential antibacterial compounds. Molecules, v. 21, n. 3, p.1-20, 2016. doi: 10.3390/molecules21030293
3 - WENIGER, B. et al. Plants of Haiti used as antifertility agents. J Ethnopharmacol, v. 6, n. 1, p.67-84, 1982. doi: 10.1016/0378-8741(82)90072-1
4 - GOMES, A. R. Q. et al. Toxicity evaluation of Eleutherine plicata Herb. extracts and possible cell death mechanism. Toxicol Rep, v. 8, p.1480-1487, 2021. doi: 10.1016/j.toxrep.2021.07.015

Farmácia da Natureza
[ 1 ]

Fórmula

Alcoolatura

Componente

Quantidade*

Etanol/água 80%

1000 mL

Bulbilho fresco

200 g

                                                                         * Após a filtragem ajustar o teor alcoólico da alcoolatura para 70%, com adição de etanol 98%, se necessário. 
Modo de preparo

Alcoolatura: pesar 200 g de bulbilho fresco, lavar, picar e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 80%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.

Principais indicações

Diarreias agudas e crônicas.

Posologia

Uso oral: tomar de 1 a 3 gotas por quilo de peso divididas em 3 vezes ao dia, sempre diluídas em água (cerca de 50 mL ou meio copo).

Farmácia da Natureza
[ 2 ]

Fórmula

Componente

Quantidade

Bulbilho seco fragmentado

0,4 a 0,6 g ou uma colher de café rasa

Água q.s.p.

150 mL

 
Modo de preparo

Preparar por infusão, por 5 a 10 minutos.

Principais indicações

Diarreias agudas e crônicas.

Posologia

Uso oral: adultos devem tomar 150 mL (1 xícara de chá) do infuso duas a três vezes ao dia.

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 122-124.
2 - PEREIRA, A. M. S. (Org.). Formulário de Preparação Extemporânea: Farmácia da Natureza. 2 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 75-76.

Dados Químicos
[ 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 ]
Marcador:
Principais substâncias:

Esteróis

sitosterol, stigmasterol e campesterol.

Lipídeos

n-hentriacontano.

Outras substâncias

eleubosa A, B e C.

Policetídeos

(R)-4-hidroxieleuterina, eleutona, eleuterinol-8-O-β-D-glucosídeo, isoeleutosídeo C (dihidroisoeleuterina-5-O-β-D-gentiobiosídeo), eleutosídeo B (eleuterol-4-O-β-D-gentiobiosídeo), eleutosídeo C (dihidroeleuterina-5-O-β-D-gentiobiosídeo), hongconina (4-oxodihidroisoeleuterina-iso-iso-isoteno) e elecanacina.

Quinonas

naftoquinonas (eleuterol, eleuterinol, eleuterina e isoeleuterina) e antraquinonas (crisofanol e derivados).

Saponinas

Triterpenos

cicloartenol, 24-metilenocicloartenol e β-amirina.

Referências bibliográficas

1 - PANIZZA, S. T. et al. Uso tradicional de plantas medicinais e fitoterápicos. São Luiz: Conbrafito, 2012, p. 199.
2 - LORENZI, H. & MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. 2 ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2008, p. 301.
3 - SHI, P. et al. Total phenolic, flavonoid content, and antioxidant activity of bulbs, leaves, and flowers made from Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. Food Sci Nutr, v. 7, n. 1, p.148-154, 2018. doi: 10.1002/fsn3.834
4 - JIANG, H. et al. The chemical constituents from the active fractions of Eleutherine bulbosa with their antimicrobial activity. Nat Prod Res, p.1-7, 2018. doi: 10.1080/14786419.2018.1530229
5 - GALLO, F. R. et al. Polyketides from Eleutherine bulbosa. Nat Prod Res, v. 24, n. 16, p.1578-1586, 2010. doi: 10.1080/14786419.2010.500007
6 - BIANCHI, C.; CERIOTTI, G. Chemical and pharmacological investigations of constituents of Eleutherine bulbosa (Miller) Urb. (Iridaceae). J Pharm Sci, v. 64, n. 8, p.1305-1308, 1975. doi: 10.1002/jps.2600640809

Advertências: 

suspender o uso se houver alguma reação indesejável. O uso contínuo não deve ultrapassar 15 dias, pois pode causar toxicidade[1,2].

Contraindicações: 

em gestantes, lactantes e pacientes alcoolistas, abstêmios ou em tratamento para o alcoolismo (referente ao uso de formulações contendo etanol)[1,2,3].

Efeitos colaterais e toxicidade: 

há relatos de cefaleia durante o tratamento, neste caso, suspender o uso[2].

Interações medicamentosas: 

não há dados na literatura.

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 123-124.
2 - PEREIRA, A. M. S. (Org.). Formulário de Preparação Extemporânea: Farmácia da Natureza. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 76.
3 - PANIZZA, S. T. et al. Uso tradicional de plantas medicinais e fitoterápicos. São Luiz: Conbrafito, 2012, p. 199.

Propagação: 

é realizada através dos bulbos [ 1 ] .

Problemas & Soluções: 

está espécie pode ser considerada com "erva-daninha" [ 1 ] .

Referências bibliográficas

1 - LORENZI, H. & MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. 2 ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2008, p. 300.

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