Sergipe

Maria de Fátima Souza, 70 anos, natural da Serra de Itacaratu, em Petrolândia-PE; filha e neta de rezadeiras da Bahia, e descendente da tribo indígena Pankararu (no sertão de Pernambuco, próximo ao rio São Francisco). Há mais de 60 anos, na cidade de Nossa Senhora da Glória-SE, teve seu primeiro contato com as plantas medicinais, através de observações de práticas de cura em vários lugares por onde passava, pois seu pai era topógrafo e a família viajava muito, disse ela. Interessou-se também pela reza realizada por suas avós e tias, seguindo até hoje essa tradição utilizando a erva “vassourinha de botão”. Segundo ela, “a reza é uma ciência que entrelaça a fé, as mãos e as ervas, tratando as dores da matéria e da alma”. Atualmente, reside no município de São Cristóvão-SE, onde participa do Movimento Popular de Saúde vinculado às Universidades, aprimorando seu conhecimento popular com a ciência; da Casa Amarela (Centro de Artesanato e a Sala dos Saberes e Fazeres); e em um hospital onde faz rezas para os profissionais da saúde e indicando chás de ervas medicinais (sala “Cuidando de cuidadores”). Dona Maria de Fátima recebeu o reconhecimento de “Saberes Populares” pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), e afirma “sou rezadeira do universo, e tenho que passar o meu conhecimento para essa geração”. O uso de plantas medicinais deverá ser uma prática bem estabelecida nas comunidades, consequentemente em nosso país, sendo assim, “as futuras gerações das universidades deveriam ter na grade acadêmica a Educação Popular em Saúde”, diz ela otimista.