Lychnophora ericoides Mart.

Arnica-da-serra, arnica-do-cerrado, candieiro e veludinho.

Sinonímia 
Lychnophora pinaster Mart.
Família 
Informações gerais 

Ocorre em campos rupestres de altitude como no Cerrado brasileiro (Serra do Espinhaço e nos estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal) e apresenta distribuição geográfica bastante restrita. O Estado de Minas Gerais é considerado o centro de dispersão deste gênero. Suas principais indicações são: cicatrizante, analgésica, antinociceptiva, anti-inflamatória, antioxidante e no controle do ácido úrico[1,2,3].

Referências informações gerais
1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 2 ed. São Paulo: Bertolucci, 2014, p. 166-168.
2 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 172-181.
3 - DE MELO, L. Q.; VIEIRA, R. F (Ed.). Lychnophora ericoides. In: VIEIRA, R. F. V. et al. (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o Futuro: Região Centro-Oeste. Brasília, DF: MMA, 2016. p. 747.
Descrição da espécie 

Subarbusto com até 3 m de altura, de ramos lenhosos, robustos e alveolados pelas cicatrizes foliares; as folhas são simples, alternas, lineares, subsésseis, com 15 cm de comprimento x 2 cm de largura, ápice angusto e base truncada, margens inteiras revolutas, nervura central sulcada na face adaxial e nervuras secundárias discretas; inflorescências compostas do tipo glomérulo simples folhoso, no qual vários capítulos estão agregados terminalmente a um ramo folhoso, cada capítulo origina-se da axila de uma folha, que corresponde a uma bráctea folhosa, e o conjunto torna-se envolto por folhas semelhantes às dos ramos, que diminuem gradativamente da periferia para o centro; o fruto é do tipo aquênio medindo de 2 a 3 mm de comprimento, de cor castanha, possuindo papus de 6 a 7 mm de comprimento, bisseriado, com páleas desiguais, lineares, aplanadas e ciliadas[1,2].

Referências descrição da espécie
1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 173.
2 - DE MELO, L. Q.; VIEIRA, R. F (Ed.). Lychnophora ericoides. In: VIEIRA, R. F. V. et al. (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o Futuro: Região Centro-Oeste. Brasília, DF: MMA, 2016. p. 747.
Nome popular Local Parte da planta Indicação Modo de preparo Forma de uso Restrição de uso Referências

Anti-inflamatória e Antinociceptiva

Anti-inflamatória e Antinociceptiva
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Parte aérea

Extrato: 800 g do material vegetal (pó) em etanol. Outras espécies em estudo: Lychnophora passerina, Lychnophoriopsis candelabrum, Lychnophora pinaster, Lychnophora staavioides, Lychnophora ericoides e Lychnophora trichocarpha. Rendimentos: 13,6, 5,6, 5,7, 4,6, 2,3 e 6,4% (p/p), respectivamente. Doses para ensaio: 0,75 e 1,50 g / kg.

In vivo:

Em camundongos albinos tratados com o extrato vegetal e submetidos aos testes de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, placa quente e edema de pata induzido por carragenina.

Observou-se que extrato etanólico de L. ericoides apresenta atividade analgésica, e L. trichocarpha e L. pinaster apresentam ação anti-inflamatória e antinociceptiva.

[ 1 ]

Antitumoral

Antitumoral
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato etanólico: maceração de 1,0 kg do material vegetal (pó) com 10 L de etanol à 20%. Rendimento: 4%.

In vivo:

Em ratos Wistar portadores de câncer de cólon retal induzido por 1,2-dimetil-hidrazina (DMH), pré e pós-tratados com extrato vegetal, com posterior análise do peso corporal, da proliferação celular epitelial da mucosa, do número de de focos de cripta aberrante (FCA), da expressão de PCNA e  COX-2 (imuno-histoquímica) e análise morfométrica.

Observou-se que o extrato de L. ericoides apresenta atividade antitumoral, pois inibem a expressão de COX-2 e reduz a formação de FCA.

[ 2 ]

Inibidora da enzima xantina oxidase

Inibidora da enzima xantina oxidase
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Parte aérea

Extrato: 800 g do material vegetal (pó) em etanol. Frações: hexano, acetato de etila e etanol. Outras espéceis em estudo: Lychnophoriopsis candelabrum, Lychnophora passerina, L. staavioides, L. trichocarpha, L. pinaster e L. ericoides. Concetração final: 100 µg/mL.

In vitro:

Determinar a atividade inibitória da enzima xantino oxidase após tratamento com os extratos vegetais por espectrofotometria.

 

Observou-se que as espécies L. trichocarpha, L. ericoides e L. staavioides apresentam atividade inibitória mais potente (CI50 = 6,16, 8,28 e 33,97 µg/mL, respectivamente).

[ 3 ]

Referências bibliográficas

1 - GUZZO, L. S. et al. Antinociceptive and anti-inflammatory activities of ethanolic extracts of Lychnophora species. J Ethnopharmacol, v. 116, n. 1, p.120-124, 2008. doi: 10.1016/j.jep.2007.11.006
2 - FERNANDES, C. R. et al. The protective role of Lychnophora ericoides Mart. (Brazilian Arnica) in 1,2-dimethylhydrazine-induced experimental colon carcinogenesis. Nutr Cancer, v. 63, n. 4, p.593-599, 2011. doi: 10.1080/01635581.2011.539310
3 - FERRAZ FILHA, Z. S. et al. Xanthine oxidase inhibitory activity of Lychnophora Species from Brazil ("Arnica"). J Ethnopharmacol, v. 107, n. 1, p.79-82, 2006. doi: 10.1016/j.jep.2006.02.011

Farmácia da Natureza
[ 1 ]

Fórmula

Tintura

Alcoolatura

Componente

Quantidade

Componente

Quantidade*

Etanol/água 70%

1000 mL

Etanol/água 80%

1000 mL

Folha seca

100 g

Folha fresca

200 g

                                                               * Após a filtragem ajustar o teor alcoólico da alcoolatura para 70%, com adição de etanol 98%, se necessário. 
Modo de preparo

Tintura: pesar 100 g de folha seca íntegra e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 70%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.

Alcoolatura: pesar 200 g de folha íntegra fresca, lavar, picar e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 80%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.

Principais indicações

Processos inflamatórios em geral.

Posologia

Uso oral: em diluições decimais, tomar de 1 a 3 gotas por quilo de peso, divididas em 3 vezes ao dia, sempre diluídas em água (cerca de 50 mL ou meio copo).

Uso tópico: incorporar a tintura em pomada, creme ou gel.

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 165-167.

Dados Químicos
[ 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 , 7 , 8 , 9 , 10 ]
Marcador:
Principais substâncias:

Ácidos fenólicos

ácido clorogênico, ácido 3-O-cafeoilquínico, ácido 3,5-di-O-(E)-cafeoilquínico, ácido 4,5-di-O-(E)-cafeoilquínico e ácido 3,4,5-tri-O-(E)-cafeoilquínico.

Cumarinas

Esteróis

estigmasterol, β-sitosterol e campesterol.

Flavonoides

luteolina, apigenina, crisina, quercetina, vicenina-2, C-glucosilflavonas, coumaroilglucosilflavonois, apigenina-6,8-di-C-β-D-glicopiranosideo, crisina-6,8-di-C-β-D-glicopiranosideo, ácido 3-O-feruloilquínico, ácido 4-O-cafeoilquínico, ácido 5-O-cafeoilquiníco, ácido 4-O-feruloilquínico, ácido cafeoilferuloilquínico, 6,8-di-C-β-glucosilcrisina, flavanona, chalcona, goiazensolídeo, eremantolídeo, pinocembrina, pinostrobina, pinosbanksina e 3-O-acetilpinobanksina e 6,8-di-C-β-glucosilcrisina e diidroflavonol pinobanksina.

Glicosídeos

dendrantemosideo A e icarisideo F2.

Lactonas sesquiterpênicas

eudesmanolídeos, trans-germacronolídeos, guaianosídeos, furanoeliangolídeos, eremantolídeos, centraterina, goiazensolídeo, (4S,6R,7S,8S,10R,11S,16R)-1-oxo-3(10),8(16)-diepoxi-16-metilprop-1Z-enil-16-metoxigermacra-2-en-6(12)-olideo e (4S,6R,7S,8S,10R,11S)-1-oxo-3,10-epoxi-8-angeloiloxigermacra-2-en-6(12)-olideo.

Lignanas

metilclusina, cubebina, metilcubebina, hinoquinina e di-hidrocubebina.

Óleos essenciais

α-bisabolol, α-cadinol, (E)-nerolidol e orto-acetoxi-bisabolol.

Saponinas

Terpenos

orto-acetoxi-bisabolol.

Triterpenos

lupeol, friedelina e friedelanol.

Referências bibliográficas

1 - GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Online identification of chlorogenic acids, sesquiterpene lactones, and flavonoids in the brazilian arnica Lychnophora ericoides Mart. (Asteraceae) leaves by HPLC-DAD-MS and HPLC-DAD-MS/MS and a validated HPLC-DAD method for their simultaneous analysis. J Agric Food Chem, v. 56, n. 4, p.1193-1204, 2008. doi: 10.1021/jf0728121
2 - DOS SANTOS, M. D. et al. Analgesic activity of di-caffeoylquinic acids from roots of Lychnophora ericoides (arnica da serra). J Ethnopharmacol, v. 96, n. 3, p.545-549, 2005. doi: 10.1016/j.jep.2004.09.043
3 - BORSATO, M. L. et al. Analgesic activity of the lignans from Lychnophora ericoides. Phytochemistry, v. 55, n. 7, p.809-813, 2000. doi: 10.1016/s0031-9422(00)00388-5
4 - PAVARINI, D. P. et al. Novel bisabolane derivative from "Arnica-Da-Serra" (Vernonieae: Asteraceae) reduces pro-nociceptive cytokines levels in LPS-stimulated rat macrophages. J Ethnopharmacol, v. 148, n. 3, p.993-998, 2013. doi: 10.1016/j.jep.2013.05.003
5 - GOBBO-NETO, L. et al. Negative ion 'chip-based' nanospray tandem mass spectrometry for the analysis of flavonoids in glandular trichomes of Lychnophora ericoides Mart. (Asteraceae). Rapid Commun Mass Spectrom, v. 22, n. 23, p.3802-3808, 2008. doi: 10.1002/rcm.3802
6 - SAKAMOTO, H. T. et al. Sesquiterpene lactones from Lychnophora ericoides. J Nat Prod, v. 66, n. 5, p.693-695, 2003. doi: 10.1021/np020314v
7 - FERNANDES, C. R. et al. The protective role of Lychnophora ericoides Mart. (Brazilian Arnica) in 1,2-dimethylhydrazine-induced experimental colon carcinogenesis. Nutr Cancer, v. 63, n. 4, p.593-599, 2011. doi: 10.1080/01635581.2011.539310
8 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 175-176.
9 - DE MELO, L. Q.; VIEIRA, R. F (Ed.). Lychnophora ericoides. In: VIEIRA, R. F. V. et al. (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o Futuro: Região Centro-Oeste. Brasília, DF: MMA, 2016. p. 747.
10 - LOPES, N. Desafios e oportunidades para o desenvolvimento de fitoterápicos inovadores no Brasil: Arnica da Serra (Lychnophora ericoides). Revista A Flora, n. 5, p. 4, 2022.

Advertências: 

suspender o uso se houver alguma reação indesejável[1].

Contraindicações: 

em gestantes, lactantes, pacientes alcoolistas e abstêmios ou em tratamento para o alcoolismo (referente ao uso de formulações contendo etanol)[1].

Efeitos colaterais e toxicidade: 

apresenta hepatotoxicidade, possivelmente, devido a presença dos compostos furanoheliangolídeos, ressaltando cautela com o uso interno desta planta, preferindo as diluições decimais (DH2 e DH3) e tratamentos de curta duração. Algumas pessoas desenvolvem alergias aos fitoterápicos derivados de L. ericoides, em função da presença de lactonas sesquiterpênicas[1,2].

Interações medicamentosas: 

não há dados na literatura.

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 166-167.
2 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 178.

Propagação: 

por sementes, em bandejas de isopor contendo vermiculita como substrato. A geminação das sementes é favorecida se este processo for realizado logo após a colheita das mesmas. A temperatura ideal para geminação é de 20°C, enquanto que acima de 35°C a germinação é bastante reduzida [ 1 ] .

Tratos culturais & Manejo: 

a adubação mista (orgânica associada com a mineral, 1:1) favorece o rendimento de óleos essenciais, pois esta mistura assemelha das condições naturais de fertilidade do solo onde ocorre esta espécie [ 1 ] .

Colheita: 

as sementes devem ser colhidas nos meses de abril a junho [ 1 ] .

Problemas & Soluções: 

as sementes toleram temperaturas muito baixas, podendo ser armazenadas por até 12 meses. Protocolos de micropropagação in vitro a partir de gemas apicais e embriões tem demonstrado promissor para a multiplicação desta espécie [ 1 ] .

Referências bibliográficas

1 - DE MELO, L. Q.; VIEIRA, R. F (Ed.). Lychnophora ericoides. In: VIEIRA, R. F. V. et al. (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o Futuro: Região Centro-Oeste. Brasília, DF: MMA, 2016. p. 747.

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