Annona crassiflora Mart.

Araticum do cerrado, marôlo e cabeça-de-negro.

Sinonímia 
Annona macrocarpa Barb. Rodr.
Família 
Informações gerais 

Nativa do Cerrado brasileiro, encontra-se distribuída nos estados de São Paulo Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins. Esta espécie é muito apreciada na culinária devido ao valor nutricional dos frutos. Suas principais indicações são: analgésica, depurativa, laxativa, anti-inflamatória, hipoglicemiante, antimicrobiana, cicatrizante e hepatoprotetora[1,2,3].

Referências informações gerais
1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 1. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 84-88.
2 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 45-47.
3 - DE MELO, J. T; AGOSTINI-COSTA, T. S. Espécies alimentícias nativas da região Centro-Oeste: Annona crassiflora (araticum). In: VIEIRA, R. P. et al. (Ed.). Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial Plantas para o Futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Biblioteca do Ministério do Meio Ambiente, 2016. p. 150-160.
4 - PETEAN, M. P. et al. Annona crassiflora (marolo). In: CORADIN, L. et al. (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o futuro: Região Sul. Brasília, DF: MMA, 2011. p. 130-133.
Descrição da espécie 

Espécie arbórea, decídua, heliófita, com cerca de 4 a 8 m de altura, possui tronco tortuoso e curto, de 20 a 30 cm de diâmetro, revestido por casca áspera e corticosa, de coloração cinza-claro a escuro, os ramos jovens possuem pilosidade ferrugínea; as folhas são alternas, simples, medindo cerca de 8 cm de comprimento x 6 cm de largura, elíptica a obovadas, curto-pecioladas, base e ápice arredondados a obtusos, coriáceas, pilosas e com nervação segundária ressaltada na face abaxial; as flores são solitárias, axilares, verde-amareladas, com pétalas engrossadas e carnosas; frutos grandes, ovoides ou globosos, de 15 a 20 cm de diâmetro, com peso de 1 a 2 kg, com superfície tomentosa e tuberculada ou papilosa, de coloração marron-claro (imaturos) ou verde-amarelado (maduros), com polpa creme amarelada e muito aromática, quando maduros; as sementes são numerosas, elípticas e marrom escuras[1,2,3,4].

Referências descrição da espécie
1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 1. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 85.
2 - DE MELO, J. T; AGOSTINI-COSTA, T. S. Espécies alimentícias nativas da região Centro-Oeste: Annona crassiflora (araticum). In: VIEIRA, R. P. et al. (Ed.). Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial Plantas para o Futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Biblioteca do Ministério do Meio Ambiente, 2016. p. 150.
3 - DURIGAN, G. et al. Plantas do cerrado paulista: imagens de uma paisagem ameaçada. São Paulo: Páginas & Letras Editora Gráfica, 2004, p. 22.
4 - PETEAN, M. P. et al. Annona crassiflora (marolo). In: CORADIN, L. et al. (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o futuro: Região Sul. Brasília, DF: MMA, 2011. p. 130.
Nome popular Local Parte da planta Indicação Modo de preparo Forma de uso Restrição de uso Referências
Marôlo e araticum-do-cerrado Brasil -

Antitérmica e no tratamento da doença de Chagas.

-

-

-

[ 1 ]
Marôlo e araticum-do-Cerrado Brasil Semente

Antiofídica.

Óloe. 

-

-

[ 2 ]
Marôlo e araticum-do-Cerrado Brasil Folha e semente

Antidiarreica e no tratamento da doença de Chagas.

Infusão. 

-

-

[ 2 ]

Referências bibliográficas

1 - DE MESQUITA, M. L. et al. Antileishmanial and trypanocidal activity of Brazilian Cerrado plants. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 100, n. 7, p.783-787, 2005. doi: 10.1590/s0074-02762005000700019
2 - FORMAGIO, A. S. N. et al. In vitro biological screening of the anticholinesterase and antiproliferative activities of medicinal plants belonging to Annonaceae. Braz J Med Biol Res, v. 48, n. 4, p.308-15, 2015. doi: 10.1590/1414-431X20144127

Anti-inflamatória e Antinociceptiva

Anti-inflamatória e Antinociceptiva
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato: percolação de 610,2 g do material vegetal (pó) em hexano, seguidamente de etanol a 80%. Rendimento: 13,5 g e 268,6 g, respectivamente. Fração: hidroalcoólica. Doses para ensaio: 0,053 a 1000 mg/mL.

In vivo:

Em camundongos Swiss tratados com a fração vegetal, submetidos aos testes de nocicepção (inflamação por formalina e placa quente) e motor (teste rota rod); e em camundongos Balb/c tratados com a fração vegetal e agentes inflamatórios (carragenina, zimosan, LPS e CXCL8), com posterior análise da migração de leucócitos para a cavidade torácica.

Observou-se que a fração hidroalcoólica de A. crassiflora apresenta atividade anti-inflamatória e antinociceptiva, sem alterar a função motora.

[ 2 ]
Fruto (casca)

Extrato: maceração de 1 kg do material vegetal (seco) em etanol a 96%. Rendimento: 4,97%. Frações: n-hexano, diclorometano, acetato de etila e n-butanol. Concentrações para ensaio (in vitro): 0,1 a 3 µg/mL. Doses para ensaio (in vivo): 10 e 100 mg/kg.

In vitro:

Em macrófagos de camundongos C57NL/6/J incubados com frações vegetais, estimulados por lipopolissacarídeos (LPS), com posterior análise dos níveis de NO, IL-6 e TNF-α.

 

In vivo:

Em camundongos C57NL/6/J tratados com a fração de acetato de etila, com posterior análise dos testes de nocicepção (induzida por glutamato), artrite aguda e crônica (induzida por Freund), campo aberto e rota rod.

Observou-se que a fração de acetato de etila apresenta antividade antinociceptiva e anti-inflamatória, sem alterar a função motora.

[ 4 ]

Anti-inflamatória e Pró-fibrogênica

Anti-inflamatória e Pró-fibrogênica
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Fruto (casca)

Extrato: 1 kg do material vegetal (pó) em etanol a 98%. Rendimento: 5%. Frações: acetato de etila e n-butanol. Pomada de vaselina/lanolina - contendo a mistura das frações vegetais (1:1): 2, 4 e 6%.

In vivo:

Em camundongos C57BL/6 portadores de lesões dorsais, tratados com o fitoterápico, com posterior análise de parâmetros morfológicos, fisiológicos e histológicos das feridas.

Observou-se que a pomada contendo as frações da casca do fruto de A. crassiflora apresenta atividade anti-inflamatória, além da ação pró-fibrogênica.

[ 8 ]

Anti-inflamatória e Quimiopreventiva

Anti-inflamatória e Quimiopreventiva
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato: maceração de 820 g do material vegetal (pó) em metanol. Rendimento: 58 g. Concentrações para ensaio (in vitro): 5, 10 e 15 mg/L. Doses para ensaio (in vivo): 30, 100 e 300 mg/kg.

In vitro:

Determinar as atividades antimutagênica e quimiopreventiva, através do ensaio em Allium cepa.

 

In vivo:

Em camundongos Swiss submetidos a administração de ciclofosfamida e extrato vegetal, com posterior análise da atividade do teste do micronúcleo em sangue periférico.

Em camundongos Swiss portadores de edema e alodinia de pata, pleurisia, inflamação em modelo de bolsa de ar induzidos por carragenina e inflamação nas articulações induzida por zimosan, pré-tratados com o extrato vegetal, com posterior quantificação do edema, atividade da mieloperoxidase, migração de células e proteínas.

O extrato de A. crassiflora apresenta atividade anti-inflamatória e quimiopreventiva, principalmente nas doses de 100 e 300 mg/kg.

[ 6 ]

Anticolinesterásica e Antiproliferativa

Anticolinesterásica e Antiproliferativa
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha e semente

Extrato metanólico. Rendimento:  42% (folha) e 16,8% (semente). Concentrações para ensaio: 0,25 a 250 mg/mL. Outras espécies em estudo: Annona coriacea, A. sylvatica, A. cacans e Duguetia furfuracea.

In vitro:

Em células tumorais cancerígenas humanas UACC-62 (melanoma), MCF-7 (mama), NCI/ADR/RES (tumor ovariano de resistência múltipla a drogas), 786-0 (renal), NCI-H460 (pulmão), OVCAR-3 (ovário), HT-29 (cólon), K562 (leucêmica), UA251 (glioma) e células VERO (de rim de macaco verde), incubadas com extratos vegetais, com posterior análise do índice de crescimento (IG50) e concentração letal (CL50).

Determinar a atividade da enzima acetilcolinesterase (AchE) em ensaio de microplaca.

 

Observou-se que os extratos das sementes de A. crassiflora e A. coriacea apresentam atividades antiproliferativa e anticolinesterásica relevantes.

[ 14 ]

Antidiarreica

Antidiarreica
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato aquoso.

In vivo:

Em camundongos portadores de quadro diarreico induzido por óleo de mamona, tratados com o extrato vegetal, com posterior análise de trânsito intestinal através da ingestão de farinha de carvão vegetal.

Observou-se que A. crassiflora apresenta atividade antidiarreica, pois inibe a secreção e aumenta a absorção intestinais, sem alterar a produção fecal total.

[ 7 ]

Antiedematogênica e Antinociceptiva

Antiedematogênica e Antinociceptiva
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Fruto (casca)

Extrato: maceração de 7 kg de material vegetal (seco) em etanol a 98%. Rendimento: 344,7g. Doses para ensaio: 30 a 300 mg/kg.

In vivo:

Em camundongos C57BL/6/J submetidos aos testes de nocicepção induzida (por formalina, cinamaldeído e capsaicina), de campo aberto e rota rod.

Observou-se que o extrato da casca dos frutos de A. crassiflora apresenta atividade antinociceptiva e antiedematogênica, sem alterar a função motora.

[ 3 ]

Antimalárica

Antimalárica
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha e tronco (casca)

Extrato etanólico. Frações: hexano, clorofórmio, n-butanol, acetato de etila, etanol/água e água.

In vitro:

Bioensaio de letalidade em Artemia salina.

 

In vivo:

Em camundongos infectados com Plasmodium berghei (sensível à cloroquina), com posterior análise da parasitemia e tempo médio de sobrevida.

As frações das folhas de A. crassiflora apresentam atividade antimalárica mais potente, além de baixa toxicidade.

[ 10 ]

Antimutagênica e Mutagênica

Antimutagênica e Mutagênica
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato: material vegetal (pó) em etanol a 95%. Doses para ensaio: 10 a 160 mg/kg.

In vivo:

Em camundongos Mus musculus (Swiss Wesbster) tratados com extrato vegetal, com posterior análise do teste do micronúcleo, para mutagenicidade e antimutagenicdade (presença de mitomicina C).

Observou-se que o extrato de A. crassiflora apresenta atividade antimutagênica e ausência de mutagenicidade, contudo demonstra citotoxicidade em doses acima de 50 mg/kg.

[ 11 ]

Antioxidante e Hepatoprotetora

Antioxidante e Hepatoprotetora
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Fruto (casca)

Extrato: maceração de 1 kg do material vegetal (seco) em 5 L de etanol a 98%. Fração: n-butanol. Doses para ensaio: 25, 50 e 100 mg/kg.

In vivo:

Em ratos Wistar portadores de diabetes induzido por estreptozotocina, tratados com a fração vegetal, com posterior análise do peso corporal, parâmetros bioquímicos (TG, CT, ALP, AST, ALT e γ-GT), marcadores de estresse oxidativo em homogenato hepático (capacidade antioxidante, peroxidação lipídica, carbonilação proteica, atividade de SOD, CAT, GR, GPx, G6PDH e níveis de GSH), expressão de CAT, SOD, GPx, iNOs e N-Tyr (Western blottinhg) e parâmetros histológicos hepáticos.

A fração n-butanol de A. crassiflora apresenta atividade antioxidante e hepatoprotetora, sendo promissora para a redução das complicações do diabetes.

[ 5 ]

Antioxidante e Inibidora enzimática

Antioxidante e Inibidora enzimática
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Fruto (conteúdo farináceo, entre casca e polpa)

Extrato: 1 kg do material vegetal (fragmentado) em 5 L de etanol a 98%. Frações: hexano, diclorometano, acetato de etila, n-butanol e água. Concentrações para ensaio: 0 a 600 µg/mL.

In vitro:

Determinar a atividade antioxidante do extrato e frações vegetais através dos ensaios: DPPH, ORAC e FRAP.

Determinar a atividade inibitória das enzimas digestivas, α-amilase, α-glucosidase e formação de produtos de glicação.

Em fibroblastos NIH/3T3 incubados com o extrato e frações vegetais, com posterior análise de citotoxicidade (ensaio MTT).

 

As frações de acetato de etila e n-butanol apresentam atividade antioxidante mais potente, ação inibidora das enzimas em estudo, além de baixa citotoxicidade.

[ 9 ]

Antiparasitária

Antiparasitária
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Caule, tronco e raiz

Extrato: maceração de 400 g do material vegetal (pó) em hexano, posteriormente, em etanol. Concentrações para ensaio: 0,1 a 10 µg/mL.

In vitro:

Em células de músculo murino (L6) infectadas por Trypanosoma cruzi (forma amastigotas), incubadas com extratos vegetais, com posterior análise tripanocida.

Em cultura de Leishamania donovani (forma promastigotas) incubadas com extratos vegetais, com posterior análise da viabilidade celular (ensaio MTT) e concentração inibitória média (IC50).

Em células de músculo murino (L6) incubadas com extratos vegetais, com posterior análise da citotoxicidade (ensaio MTT).

 

Neste estudo, das 13 espécies vegetais, Casearia sylvestris, Annona crassiflora, Himatanthus obovatus, Guarea kunthiana, Cupania vernalis e Serjania lethalis apresentam atividade antiparasitária promissora.

[ 13 ]

Antitumoral

Antitumoral
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato (1:5): maceração do material vegetal (seco) em álcool etílico a 70% (1:5). Fração: hexano. Concentrações para ensaio: 1,5 a 300 μg/mL.

In vitro:

Em células de câncer cervical de humanos (HtTA1, HR5, HeLA, SiHA, BU25TK, HR5-CL11 e CaSki), incubadas com extrato e fração (associados ou não a cisplatina), com posterior análise de viabilidade, proliferação e morte celular (ensaios MTS, clonogênico e cicatrização de feridas), expressão de PARP, caspases, ERK, AKT, H2AX e p21 (Western blotting) e despolarização da membrana mitocondrial.

Em membranas corioalantoides de embrião de galinha (CAM), inoculadas com células SiHA, tratadas com a fração vegetal, com posterior análise do potencial proliferativo e angiogênico.

 

Observou-se que a fração de hexano de A. crassiflora apresenta atividade antitumoral promissora.

[ 1 ]
Folha

Extrato (1:5): 100 g do material vegetal (pó) em etanol/água (7:3). Rendimento: 10%.

In vitro:

Em cultura de células de câncer cervical humano (CaSki, SiHa e HeLa) e queratinócitos normais (HaCaT) incubadas com os extratos vegetais, com posterior análise da viabilidade celular (MTS) e índice de seletividade.

 

Neste estudo, das 13 espécies vegetais, Annona crassiflora e Stryphnodendron adstringens apresentam atividade antitumoral mais potente, além de seletividade.

[ 15 ]

Relaxante muscular

Relaxante muscular
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Semente

Extrato: material vegetal (pó) em etanol/água 4:1 (v/v), posteriormente, maceração do resíduo com hexano e acetato de etila. Concentrações para ensaio: 2 e 5 µg/mL.

In vitro:

Em íleo isolado de porquinhos-da-Índia incubados com acetilcolina, bradicinina, cloreto de cálcio e histamina e extrato vegetal (acetato de etila), com posterior análise de contratilidade muscular.

 

Observou-se que o extrato de A. crassiflora apresenta atividade relaxante da musculatura lisa, pois reduz a permeabilidade cálcio na membrana.

[ 12 ]
Ensaios toxicológicos

Letalidade

Letalidade
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato: material vegetal (pó) em etanol a 95%. Doses para ensaio: 100 a 500 mg/kg.

In vivo:

Em camundongos Mus musculus (Swiss Wesbster) tratados com extrato vegetal, com posterior análise da dose letal média (DL50).

Observou-se que o extrato de A. crassiflora apresenta DL50 = 200 mg/kg.

[ 11 ]

Referências bibliográficas

1 - SILVA, V. A. O. et al. Hexane partition from Annona crassiflora Mart. promotes cytotoxity and apoptosis on human cervical cancer cell lines. Invest New Drugs, v. 37, n. 4, p.602-615. doi: 10.1007/s10637-018-0657-y
2 - OLIVEIRA, C. C. et al. Anti-inflammatory and antinociceptive properties of the hydroalcoholic fractions from the leaves of Annona crassiflora Mart. in mice. Inflammopharmacol, v. 27, n. 2, p.397-408, 2018. doi: 10.1007/s10787-017-0426-0
3 - JUSTINO, A. B. et al. Stephalagine, an aporphine alkaloid from Annona crassiflora fruit peel, induces antinociceptive effects by TRPA1 and TRPV1 channels modulation in mice. Chem, v. 96, p.1-10, 2020. doi: 10.1016/j.bioorg.2019.103562
4 - JUSTINO, A. B. et al. Protective effects of a polyphenol-enriched fraction of the fruit peel of Annona crassiflora Mart. on acute and persistent inflammatory pain. Inflammopharmacol, v. 28, n. 3, p.759-771, 2020. doi: 10.1007/s10787-019-00673-7
5 - JUSTINO, A. B. et al. Hepatoprotective properties of a polyphenol-enriched fraction from Annona crassiflora Mart. fruit peel against diabetes-induced oxidative and nitrosative stress. J Agric Food Chem, v. 65, n. 22, p.4428-4438, 2017. doi: 10.1021/acs.jafc.7b01355
6 - ROCHA, R. S. et al. Analysis of the anti-inflammatory and chemopreventive potential and description of the antimutagenic mode of action of the Annona crassiflora methanolic extracte. Pharm Biol, v. 54, n. 1, p.35-47, 2016. doi: 10.3109/13880209.2015.1014567
7 - FERRAZ, C. R. et al. Antidiarrhoeic effect and dereplication of the aqueous extract of Annona crassiflora (Annonaceae). Nat Prod Res, v. 33, n. 4, 2019. doi: 10.1080/14786419.2017.1396589
8 - DE MOURA, F. B. R. Pro-fibrogenic and anti-inflammatory potential of a polyphenol-enriched fraction from Annona crassiflora in skin repair. Planta Med, v. 85, n. 7, p.570-577, 2019. doi: 10.1055/a-0733-7151
9 - JUSTINO, A. B. et al. Peel of araticum fruit (Annona crassiflora Mart.) as a source of antioxidant compounds with α-amylase, α-glucosidase and glycation inhibitory activities. Bioorg Chem, v. 69, p.167-182, 2016. doi: 10.1016/j.bioorg.2016.11.001
10 - PIMENTA, L. P. S. et al. In vivo antimalarial efficacy of acetogenins, alkaloids and flavonoids enriched fractions from Annona crassiflora Mart. Nat Prod Res, v. 28, n. 16, p.1254-1259, 2014. doi: 10.1080/14786419.2014.900496
11 - VILAR, J. B. et al. Assessment of the mutagenic, antimutagenic and cytotoxic activities of ethanolic extract of araticum (Annona crassiflora Mart. 1841) by micronucleus test in mice. Braz J Biol, v. 68, n. 1, p.141-147, 2008. doi: 10.1590/s1519-69842008000100020
12 - WEINBERG, M. L. et al. Inhibition of drug-induced contractions of guinea-pig ileum by Annona crassiflora seed extract. J Pharm Pharmacol, v. 45, n. 1, p.70-72, 1993. doi: 10.1111/j.2042-7158.1993.tb03683.x
13 - DE MESQUITA, M. L. et al. Antileishmanial and trypanocidal activity of Brazilian Cerrado plants. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 100, n. 7, p.783-787, 2005. doi: 10.1590/s0074-02762005000700019
14 - FORMAGIO, A. S. N. et al. In vitro biological screening of the anticholinesterase and antiproliferative activities of medicinal plants belonging to Annonaceae. Braz J Med Biol Res, v. 48, n. 4, p.308-15, 2015. doi: 10.1590/1414-431X20144127
15 - ROSA, M. N. et al. Bioprospecting of natural compounds from Brazilian Cerrado Biome plants in human cervical cancer cell lines. Int J Mol Sci, v. 22, n. 7, p.1-14, 2021. doi: 10.3390/ijms22073383

Farmácia da Natureza
[ 1 ]

Fórmula

Tintura

Alcoolatura

Componente

Quantidade

Componente

Quantidade*

Etanol/água 70%

1000 mL

Etanol/água 80%

1000 mL

Entrecasca seca

100 g

Entrecasca fresca

200 g

* Após a filtragem ajustar o teor alcoólico da alcoolatura para 70%, com adição de etanol 98%, se necessário. 
Modo de preparo

Tintura: pesar 100 g de entrecasca seca, pulverizada e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 70%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.

Alcoolatura: pesar 200 g de entrecasca fresca, lavar, picar e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 80%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.

Principais indicações

Hiperuricemia e constipação intestinal.

Posologia

Uso oral: tomar de 1 a 3 gotas por quilo de peso divididas em 3 vezes ao dia, sempre diluídas em água (cerca de 50 mL ou meio copo).

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 45-47.

Dados Químicos
[ 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 ]
Marcador:
Principais substâncias:

Acetogeninas

crassiflorina e araticulina.

Ácidos graxos

láurico, mirístico, miristoléico, palmítico, palmitoléico, esteárico, oleico, linoleico, linolênico e araquídico.

Alcaloides

annonaina, annoretina, romucosina, xilopina, aporfina, noraporphina, estefalagina e norestefalagina.

Compostos fenólicos

catequina, ácido clorogênico, ácido p-cumárico, ácido cafeico, ácido quínico, ácido gálico, ácido protocatecuico, ácido hidroxibenzóico, ácido gentísico, ácido sinápico e ácido ferúlico.

Elementos químicos

Mg, P, Cu, Ca, Fe e Zn.

Flavonoides

quercetina, peltatosídeo, caempferol, epicatequina, luteolina, naringenina, apigenina, rutina, caempferol-3-O-β-D-galactopiranosídeo, quercetina-3-O-β-D-galactopiranosídeo e quercetina-3-O-β-L-arabinopiranosídeo.

Outras substâncias

xantoxilina.

Policetídeos tetrahidroxi bis-tetrahidrofurano

araticulina.

Proteínas

Taninos

Vitaminas

A, C, B1, B2 e B3.

Referências bibliográficas

1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 1. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 86.
2 - DE MELO, J. T; AGOSTINI-COSTA, T. S. Espécies alimentícias nativas da região Centro-Oeste: Annona crassiflora (araticum). In: VIEIRA, R. P. et al. (Ed.). Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial Plantas para o Futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Biblioteca do Ministério do Meio Ambiente, 2016. p. 151-154.
3 - PRADO, L. G. et al. Antioxidant, antiproliferative and healing properties of araticum (Annona crassiflora Mart.) peel and seed. Food Res Int, v. 133, p.1-8, 2020. doi: 10.1016/j.foodres.2020.109168
4 - ARRUDA, H. S. et al. Determination of free, esterified, glycosylated and insoluble-bound phenolics composition in the edible part of araticum fruit (Annona crassiflora Mart.) and its by-products by HPLC-ESI-MS/MS. Food Chem, v. 245, p.738-749, 2018. doi: 10.1016/j.foodchem.2017.11.120
5 - BAILÃO, E. F. L. C. et al. Bioactive compounds found in Brazilian Cerrado Fruits. Int J Mol Sci, v. 16, n. 10, p.23760-23783, 2015. doi: 10.3390/ijms161023760
6 - LAGE, G. A. et al. The first report on flavonoid isolation from Annona crassiflora Mart. Nat Prod Res, v. 28, n. 11, p.808-811, 2014. doi: 10.1080/14786419.2014.885518

Advertências: 

suspender o uso se houver alguma reação indesejável[1].

Contraindicações: 

em gestantes, lactantes e pacientes alcoolistas, abstêmios ou em tratamento para o alcoolismo (referente ao uso de formulações contendo etanol)[1].

Efeitos colaterais e toxicidade: 

não há dados na literatura.

Interações medicamentosas: 

não há dados na literatura.

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 46-47.

Propagação: 

por sementes. A semeadura deve ser realizada logo após a colheita, em sementeiras (com cobertura para retenção de água, por exemplo, vermicula ou pó de serra curtido), em canteiros semi-sombreados e com irrigação 2 vezes ao dia, ou diretamente em sacos plásticos com adição de 3 a 4 sementes. Após 75 dias, provalvemente, ocorre a emergência de plântulas, sendo necessária a repicagem em sacos plásticos. Posteriormente, as mudas devem ser transferidas para local definitivo no campo na época das chuvas, em covas de 60x60x60 cm, com espaçamento de 2x3 m [ 1 , 2 , 4 ] .

Tratos culturais & Manejo: 

prefere solos profundos, drenados e não é exigente quanto a concentração de matéria orgânica [ 1 , 2 ] .

Colheita: 

a colheita das sementes deve ser realizada a partir de frutos maduros (sinais de abertura na casca), presentes na árvore ou caídos no chão (cuidado pois são perecíveis). O processo de apodrecimento da polpa auxilia na separação das sementes, com posterior lavagem em água corrente. Como não há disponibilidade de sementes desta espécie no mercado, para obtenção de mudas é necessário fazer expedições de coletas de sementes em local de ocorrência natural da planta. A A. crassiflora possui produção sazonal, produzindo muito em um ano e pouco no outro [ 1 , 2 , 4 ] .

Problemas & Soluções: 

as sementes apresentam dormência morfofisológica, assim a dormência fisiológica é quebrada por temperaturas mais baixas (outono e inverno) ou flutuações de temperatura (precedem estação chuvosa), enquanto que a morfológica é superada com a elevação da temperatura (setembro). O precesso de quebra da dormência das sementes pode ser realizado por escarificação mecânica ou química. Esta espécie possiu crescimento lento da parte aérea, assim a adição de calcário no solo favorece o desenvolvimento da parte aérea, contudo, interfere negativamente no sistema radicular [ 1 , 2 , 3 , 4 ] .

Referências bibliográficas

1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 1. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 85-86.
2 - DE MELO, J. T; AGOSTINI-COSTA, T. S. Espécies alimentícias nativas da região Centro-Oeste: Annona crassiflora (araticum). In: VIEIRA, R. P. et al. (Ed.). Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial Plantas para o Futuro - Região Centro-Oeste. Brasília: Biblioteca do Ministério do Meio Ambiente, 2016. p. 150.
3 - DA SILVA, E. A. A. et al. Germination ecophysiology of Annona crassiflora seeds. Ann Bot, v. 99, n. 5, p.823-830, 2007. doi: 10.1093/aob/mcm016
4 - PETEAN, M. P. et al. Annona crassiflora (marolo). In: CORADIN, L. et al. (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o futuro: Região Sul. Brasília, DF: MMA, 2011. p. 131.

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