Mandevilla velutina K. Schum.

Batata infalível, infalível, jalapa e jalapa-do-campo.

Sinonímia 
Fernaldia pandurata (A. DC.) Woodson
Família 
Informações gerais 

Originária da Região Mesoamericana, desde o México até a Costa Rica. É endêmica do Cerrado brasileiro e ocorre também nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Suas principais indicações são: anti-inflamatória, depurativa, antiofídica, antisséptica, antibacteriana, antifúngica e antiviral[1,2,3].

Referências informações gerais
1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 190-194.
2 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 2 ed. São Paulo: Bertolucci, 2014, p. 169-171.
3 - GUPTA, M. P. (Ed.). Plantas medicinales ibero-americanas. Bogotá: Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología, Cyted, Convenio Andrés Bello, 2008. p. 54-55.
Descrição da espécie 

Subarbusto lactescente, de aproximadamente 70 cm de altura, possui caule herbáceo simples, glabro, partindo do xilopódio; as folhas são simples, opostas, cruzadas, curto-pecioladas, membranosas, glabras, oblongo-elípticas a amplamente ovadas, com cerca de 8 cm de comprimento x 6 cm de largura, subsésseis, com base cordada, ápice curto-acuminado a arrendodado; inflorescência racemosa terminal, composta por 10 flores grandes, de cor rosa; fruto composto por 2 folículos lineares, com até 30 cm de comprimento; os xilopódios são esféricos, alongados, com cerca de 16,0 cm de comprimento x 6,0 cm de diâmetro[1,2,3,4].

Referências descrição da espécie
1 - GUPTA, M. P. (Ed.). Plantas medicinales ibero-americanas. Bogotá: Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología, Cyted, Convenio Andrés Bello, 2008. p. 54.
2 - DURIGAN, G. et al. Plantas do cerrado paulista: imagens de uma paisagem ameaçada. São Paulo: Páginas & Letras Editora Gráfica, 2004, p. 37.
3 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 190-191.
4 - SILVA, G. et al. Pequenas plantas do cerrado: biodiversidade negligenciada: Mandevilla pohliana (Stadelm.) A.H.Gentry. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo: Rettec, 2018, p. 68-69. Disponível em: http://arquivo.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/2018/12/plantaspequenasdocerrado.pdf. Acesso em: 02 jun. 2020.
Nome popular Local Parte da planta Indicação Modo de preparo Forma de uso Restrição de uso Referências

Antagonista da bradicinina

Antagonista da bradicinina
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Rizoma

Extrato (1:3 p/v): material vegetal em etanol à 50%. Concentrações para ensaio: 0,25 à 2 mg/mL.

In vitro:

Em segmento torácico da aorta, veias jugulares e mesentéricas de coelhos, incubados com noradrenalina, [des-Arg9]-Bk, bradicinina e extrato vegetal, com posterior análise de contratilidade.

 

Observou-se que o extrato de M. velutina apresenta ação antagonista em receptores da bradicinina (receptores β1 e β2).

[ 3 ]
Rizoma

Extrato (1:3 p/v): material vegetal em etanol à 50%. Concentração para ensaio: 0,5 à 4 mg/mL.

In vitro:

Em úteros isolados de ratas Wistar incubados com bradicinina, acetilcolina, ocitocina, prostaglandinas, angiotensina II, cloreto de bário e extrato vegetal, com posterior análise de contratilidade muscular.

 

Observou-se que o extrato de M. velutina apresenta ação antagonista seletiva em receptores da bradicinina.

[ 4 ]
Rizoma

Extrato (1:3 p/v): material vegetal em etanol à 50%. Concentrações para ensaio: 0,5 à 2 mg/mL.

In vitro:

Em fragmentos musculares da junção íleo-cecal isolados de cobaias e gatos, incubados com bradicinina, metionil-lisil-bradicinina, acetilcolina, histamina e extrato vegetal, com posterior análise da contratilidade muscular.

 

Observou-se que o extrato de M. velutina apresenta ação antagonista competitiva em receptores da bradicinina.

[ 6 ]
Rizoma

Extrato (1:3 p/v): material vegetal em etanol à 50%. Concentrações para ensaio: 0,2 à 2 mg/mL.

In vitro:

Em fragmentos musculares da bexiga urinária de porquinhos da Índia, incubadas com bradicinina (BK), lisil-BK, ML-BK, [des Arg9]-BK, acetilcolina, histamina e extrato vegetal, com posterior análise da contratilidade muscular.

 

Observou-se que extrato de M. velutina apresenta ação antagonista em receptores da bradicinina, dose-dependente e reversível.

[ 7 ]

Anti-inflamatória

Anti-inflamatória
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
-

Extrato. Doses para ensaio: 50 à 600 mg/kg.

In vivo:

Em camundongos Swiss tratados com o extrato vegetal, submetidos aos testes de edema de orelha induzido por ácido araquidônico e contrações abominais induzidas por prostaglandina E2 e ácido araquidônico.

Observou-se que extrato M. velutina apresenta ação anti-inflamatória, dose-dependente, porém não demonstra efetividade na redução das contrações abdominais.

[ 5 ]

Anti-inflamatória e Antagonista da bradicinina

Anti-inflamatória e Antagonista da bradicinina
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Rizoma

Extrato (1:3 p/v): material vegetal em etanol à 50%. Doses para ensaio: 50 e 200 mg/kg.

In vivo:

Em ratos submetidos aos testes de edema de pata e pleurisia induzidos por carragenina, bradicinina, dextrano, serotonina, zimosina, fator de ativação plaquetária (PAF), sulfato de celulose, histamina e veneno de Brothrops jararaca, com posterior contagem total e diferencial de leucócitos.

Observou-se que o extrato de M. velutina apresenta ação antagonista seletiva em receptores da bradicinina e atividade anti-inflamatória.

[ 2 ]

Anti-inflamatória e Antiofídica

Anti-inflamatória e Antiofídica
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Rizoma

Extrato: 500 g do material vegetal em 1000 mL de água.

In vitro:

Determinar as atividades da enzima fosfolipase, coagulante em plasma, proteolítica em fibrinogênio bovino e em caseína como substrato, na presença de venenos de Bothrops jararacuçu, B. moojeni, B. alternatus, B. pirajai e Crotalus durissus terrificus e extratos vegetais.

Determinar a atividade biológica e enzimática de extratos vegetais (a partir de plantas micropropagadas) incubados com venenos de serpentes (e toxinas).            

 

In vivo:

Em camundongos Swiss submetidos a administração de venenos de serpentes (e toxinas) e extratos vegetais, com posterior análise da atividade da enzima creatina quinase plasmática, edema plantar induzido, letalidade e hemorragia.

Observou-se que os extratos de M. velutina apresentam atividade antiofídica e anti-inflamatória.

[ 1 ]

Referências bibliográficas

1 - BIONDO, R. et al. Inhibition of Enzymatic and pharmacological activities of some snake venoms and toxins by Mandevilla velutina (Apocynaceae) aqueous extract. Biochimie, v. 85, n. 10, p.1017-1025, 2003. doi: 10.1016/s0300-9084(03)00138-x
2 - HENRIQUES, M. G. M. O. et al. Inhibition of rat paw oedema and pleurisy by the extract from Mandevilla velutina. Gen Pharmacol, v. 21, n. 3, p.285-290, 1990. doi: 10.1007/bf01986573
3 - CALIXTO, J. B. et al. Effect of a crude extract of Mandevilla velutina on contractions induced by bradykinin and [des-Arg9]-bradykinin in isolated vessels of the rabbit. Br J Pharmacol, v. 88, n. 4, p.937-941, 1986. doi: 10.1111/j.1476-5381.1986.tb116269.x
4 - CALIXTO, J. B. et al. The selective antagonism of bradykinin action on rat isolated uterus by crude Mandevilla velutina extract. Br J Pharmacol, v. 85, n. 4, p.729-731, 1985. doi: 10.1111/j.1476-5381.1985.tb11069.x
5 - CALIXTO, J. B. et al. Extract and compounds obtained from Mandevilla velutina inhibit arachidonic acid-induced ear oedema in mice, but not rat stomach contraction. Prostaglandins, v. 41, n. 5, p.515-526, 1991. doi: 10.1016/0090-6980(91)90057-m
6 - CALIXTO, J. B. et al. Antagonistic effect of Mandevilla velutina extract on kinin-induced contractions of guinea-pig and cat ileum longitudinal smooth muscle. Gen Pharmacol, v. 19, n. 4, p.595-599, 1988. doi: 10.1016/0306-3623(88)90170-x
7 - CALIXTO, J. B. et al. Blockade of kinin-induced responses of the guinea-pig isolated urinary bladder by the extract of Mandevilla velutina. Gen Pharmacol, v. 21, n. 3, p.285-290, 1990. doi: 10.1016/0306-3623(90)90823-5

Farmácia da Natureza
[ 1 ]

Fórmula

Alcoolatura

Componente

Quantidade*

Etanol/água 80%

1000 mL

Raiz tuberosa fresca

200 g

                                                                * Após a filtragem ajustar o teor alcoólico da alcoolatura para 70%, com adição de etanol 98%, se necessário. 
Modo de preparo

Alcoolatura: pesar 200 g da raiz tuberosa fresca, lavar, picar e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 80%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.

Principais indicações

Processos inflamatórios em geral.

Posologia

Uso oral: tomar de 1 a 3 gotas por quilo de peso, divididas em 3 vezes ao dia, sempre diluídas em água (cerca de 50 mL ou meio copo).

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 169-170.

Dados Químicos
[ 1 , 2 , 3 ]
Marcador:
Principais substâncias:

Alcaloides indólicos

Carboidratos

Carotenos

Fibras

Glicosídeos cardíacos

Glicosídeos esteroides

Minerais

cálcio, fosforo e ferro.

Óleos

Proteínas

Triterpenos

velutinol.

Vitaminas

tiamina, riboflavina e niacina.

Referências bibliográficas

1 - GUPTA, M. P. (Ed.). Plantas medicinales ibero-americanas. Bogotá: Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología, Cyted, Convenio Andrés Bello, 2008. p. 54. 
2 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 191.
3 - SANTOS JÚNIOR, A. A. S. et al. Effects of the compounds MV8608 and MV8612 obtained from Mandevilla velutina in the model of hemorrhagic cystitis induced by cyclophosphamide in rats. Naunyn Sch Arch Pharmacol, v. 382, n. 5-6, p.399-407, 2010. doi: 10.1007/s00210-010-0555-0

Advertências: 

suspender o uso se houver alguma reação indesejável[1].

Contraindicações: 

em gestantes, lactantes, pacientes alcoolistas e abstêmios ou em tratamento para o alcoolismo (referente ao uso de formulações contendo etanol)[1,2].

Efeitos colaterais e toxicidade: 

as partes áreas apresentam alta toxicidade, assim, o uso destas partes deve ser evitado[2].

Interações medicamentosas: 

não há dados na literatura.

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 170.
2 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 192.

Colheita: 

a colheita das partes subterrâneas deve ser realizada na lua minguante, segundo a sabedoria popular [ 1 ] .

Problemas & Soluções: 

espécie ameaçada de extinção e de difícil reprodução. Atualmente, existem muitos estudos para desenvolvimento de protocolos para a propagação em cultura de tecidos. As sementes apresentam germinação de 70%, contudo perdem a viabilidade em 30 dias após a colheita [ 1 ] .

Referências bibliográficas

1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 191.

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