Nativa e endêmica do Brasil, ocorrendo largamente na Amazônia. É conhecida pelos índios e africanos como “insulina vegetal”. Suas principais indicações são: hipoglicemiante, anti-hipertensiva, anti-inflamatória, gastroprotetora, antisséptica, adstringente e antitérmica[1,2,3].
Arbusto com até 3 m de altura, de caule cilíndrico, casca revestida por epiderme que se destaca em placas irregulares, expondo uma nova epiderme de cor amarela e com manchas claras, ramos marrom-avermelhados; folhas simples, opostas, elípticas ou lanceoladas, curto-pecioladas, glabras, margem ondulada, medindo cerca de 4 cm de comprimento x 1,5 cm de largura, densamente pontuadas por glândulas translúcidas; flores dispostas em panículas, aos pares na axila das folhas, de cor branca; o fruto pequeno do tipo baga, globosa, de cor vermelho escuro (quando maduro), coroado por 4 sépalas remanescentes, possui polpa comestível, com sabor adocicado e adstringente[1,2,3].
Nome popular | Local | Parte da planta | Indicação | Modo de preparo | Forma de uso | Restrição de uso | Referências |
---|
Agonista de receptores colinérgicos nicotínicos
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Folha |
Extrato aquoso. Concentração final: 5%. Concentrações para ensaio: 0,5 à 1,0 mL. |
In vitro: Em nervo frênico do diafragma de ratos Wistar, submetidos a estimulação elétrica, após tratamento com extrato vegetal e antagonistas nicotínicos (pancurônio ou galamina), com posterior análise da contração para determinar concentração inibitória média (CI50).
|
Observou-se que o extrato de E. punicifolia atua como agonista em receptores colinérgicos nicotínicos. |
[
6
] |
Anti-inflamatória
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Folha |
Extrato: maceração de 10 g do material vegetal (pó) em 100 mL etanol/água (70:30, v/v). Rendimento: 45%. Concentrações para ensaio (in vitro): 0,1 à 1000 μg/mL. Doses para ensaio (in vivo): 3 á 300 mg/kg. Outra espécie em estudo: Eugenia aurata. |
In vitro: Em neutrófilos isolados de humanos, incubados com os extratos vegetais com posterior análise da viabilidade celular (ensaio MTT), estimulados por PMA para determinar as atividades de adesão, degranulação e inibição, e determinar a atividade antiproliferativa em diferentes linhagens celulares (UACC-62, MCF-7, NCI-ADR/RES, 686-0, NCI-H460, PC-3, OVCAR-3, HT-29, K562 e VERO). In vivo: Em camundongos Swiss pré-tratados com os extratos vegetais, submetidos a peritonite induzida por tioglicolato para determinar o influxo de neutrófilos. |
Observou-se que os extratos de E. punicifolia e E. aurata apresentam atividade anti-inflamatória além da ausência citotoxicidade. |
[
3
] |
Antinociceptiva e Gastroprotetora
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
---|---|---|---|---|
Folha |
Extrato: maceração de 10 g do material vegetal (pó) em 100 mL de etanol/água (70:30, v/v). Doses para ensaio: 125, 250 e 500 mg/kg. Rendimento: 4,49 g (45%). |
In vivo: Em camundongos Swiss tratados com extrato vegetal, submetidos aos testes químicos (formalina e glutamato), térmico (placa quente), locomotor (Rota-rod), e análise da vias glutamato, opioide e óxido nitríco, e inibição da p38a MAPK; aos testes de edema de orelha induzido por xileno e edema de pata por carragenina, com posterior análise do volume e tamanho do edema; ao teste de úlcera gástrica induzida por etanol e indometacina, com posterior análise das lesões e da secreção gástrica, e ao teste de toxicidade aguda. |
Observou-se que o extrato de E. punicifolia apresenta atividades antinociceptiva, anti-inflamatória e gastroprotetora, além da ausência de toxicidade. |
[
4
] |
Antioxidante
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Folha |
Extrato aquoso: infusão à 7,5% (p/v). Concentrações para ensaio: 5, 10, 25, 50, e 100 μg/mL. |
In vitro: Determinar a atividade antioxidante através dos ensaios DPPH, ABTS, eliminação do radical superóxido e óxido nítrico. Em células 3T3-L1 (fibroblasto embrionário de ratos) incubadas com extrato vegetal com posterior análise de viabilidade celular por método colorimétrico e dos níveis de espécies reativa de oxigênio (EROs). Determinar a atividade das enzimas α-amilase, α-glicosidase, xantina oxidase e lipase pancreatica, após tratamento com o extrato vegetal.
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Observou-se que o extrato de E. punicifolia apresenta atividade antioxidante, previne a síndrome metabólica, além da ausência de citotoxicidade. |
[
5
] |
Fruto (verde, amarelo, laranja e vermelho) |
Extrato metanólico. |
In vitro: Determinar atividade antioxidante através dos ensaios DPPH, ABTS, TPC e CAA, e identificar os compostos químicos por Espectrometria de Massa de Alta Resolução (DI-HRMS). Em células MRC-5 tratadas com extrato a partir do fruto amarelo encapsulado, com posterior analise da produção intracelular de espécies reativas de oxigênio (EROs) e da capacidade antiglicante.
|
Observou-se que o extrato do fruto amarelo apresenta atividade antioxidante mais potente, mesmo após o processo de encapsulação. |
[
7
] |
Antioxidante e Cicatrizante
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Folha |
Extrato: maceração de 10 g do material vegetal (seco) em 100 mL etanol/água (70:30, v/v). Rendimento: 45% (4,49 g). Dose para ensaio: 125 mg/kg. |
In vivo: Em ratos Wistar machos e fêmeas (intactas e ovariectomizadas) portadores de úlceras gástricas induzidas por indometacina e etanol, tratados com extrato vegetal, com posterior análise macroscópica do estômago, parâmetros bioquímicos antioxidantes (GSH, CAT e MPO), níveis de citocinas pró-inflamatórias (IFN-γ, IL-1β, IL-6, IL-10, IL-5, TNF-α), fator de crescimento epidermal e endotelial. |
Observou-se que o extrato de E. punicifolia apresenta ação antioxidante e cicatrizante, moduladas pelo hormônio sexual feminino. |
[
1
] |
Cicatrizante
Parte da planta |
Extrato / RDD / Padronização |
Modelo de ensaio in vitro / in vivo> | Conclusão | Referências |
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Folha |
Extrato: maceração de 10 g do material vegetal (seco) em 100 mL etanol/água (70:30, v/v). Rendimento 45% (4,49 g). Concentrações para ensaio (in vitro): 0,3 à 30 µg/mL. Dose para ensaio (in vivo): 125 mg/kg. |
In vitro: Em células L929 incubadas com extrato vegetal com posterior análise de viabilidade pelo ensaio MTT e proliferação celular por microscopia invertida. In vivo: Em ratos Wistar machos e fêmeas (intactas e ovariectomizadas) portadores de úlceras gástricas induzidas por ácido acético, tratados com extrato vegetal com posterior análise do peso corporal, exame macroscópico da área lesionada, zimografia, (MMP-2 e MMP-9), níveis de expressão de proteínas (PGE2, COX-1, COX-2, VEGF, EGF, Bd-2, Caspases 3, 8 e 9) e toxicidade subaguda (análise de parâmetros bioquímicos, peso corporal e dos órgãos vitais). |
O extrato de E. punicifolia apresenta ação cicatrizante nas lesões gástricas, principalmente em fêmeas intactatas devido a modulação dos hormônios sexuais e nos machos via prostaglandina, além da ausência de toxicidade. |
[
2
] |
Referências bibliográficas
Farmácia da Natureza
[
1
]
Componente |
Número da cápsula e quantidade |
Eugenia punicifolia (droga vegetal) |
N° 0 (290 a 300 mg) |
Q.s.p |
1 cápsula |
Pulverizar a droga vegetal (folha) e encapsular.
Como coadjuvante no diabetes mellitus tipo II (SALES et al., 2014).
Uso oral: tomar 1 cápsula 3 vezes ao dia.
Farmácia da Natureza
[
2
]
Componente |
Quantidade |
Fase A (infusos/decoctos) |
|
Água destilada |
1000 mL |
Anacardium occidentale (entrecasca) |
5 g |
Annona muricata (entrecasca) |
5 g |
Bauhinia forficata (folha seca) |
10 g |
Caesalpinia ferrea (casca do ramo) |
10 g |
Syzygium cumini (entrecasca) |
10 g |
Fase B (alcoolaturas) |
|
Anacardium occidentale (entrecasca) |
2,5 mL |
Annona muricata (entrecasca) |
2,5 mL |
Caesalpinia ferrea (casca do ramo) |
5 mL |
Eugenia punicifolia (folha) |
20 mL |
Syzygium cumini (entrecasca) |
5 mL |
Nipagin® 0,2% |
2 g |
Fase A: colocar as entrecascas em água fervente, e deixar ferver por 5 minutos aproximadamente; em seguida colocar as folhas secas pesadas e rasuradas e após levantar fervura, desligar o fogo, deixando em infusão por no mínimo 2 horas.
Fase B: filtrar o chá em papel de filtro, na temperatura de 50°C, adicionar as alcoolaturas e o conservante (Nipagin®) diluído em q.s. álcool etílico 98°GL. Deixar esfriar, envasar em frascos de vidro âmbar esterilizados e etiquetar.
Diabetes mellitus tipo 2.
Uso oral: tomar 1 colher de chá, 2 a 3 vezes ao dia.
Farmácia da Natureza
[
3
]
Componente |
Quantidade |
Folha seca rasurada |
0,9 a 1,1 g ou uma colher de sopa caseira rasa |
Água q.s.p. |
150 mL |
Preparar por decocção, por 5 minutos.
Como coadjuvante no diabetes mellitus tipo II (SALES et al., 2014).
Uso oral: adultos devem tomar 150 mL (1 xícara de chá) do decocto três a quatro vezes ao dia.
Referências bibliográficas
Ácidos
gálico, linoleico, elágico e chiquímico.
Carboidratos
glicose.
Diterpenos
fitol.
Flavonoides
miricetina, quercetina, quercitrina, caempferol, mircitrina, mirciantricina, mirciafenona, mearnsitrina, desmantina-1 e guaijaverina.
Óleos essenciais
trans-cariofileno, linalol, β-cariofileno e α-cadinol.
Proantocianidinas
Taninos
galotaninos.
Triterpenos
ácido barbinervico.
Referências bibliográficas
suspender o uso se houver alguma reação indesejável. O uso contínuo não deve ultrapassar 2 meses, podendo repetir o tratamento, se for necessário, após intervalo de 15 dias[1,2].
em crianças, gestantes, lactantes, pacientes portadores de hipoglicemia e hipotensão[1,2,4].
em função da alta concentração de taninos, pode causar desconforto gástrico em pacientes sensíveis a estes compostos. Em alguns pacientes pode ocorrer um aumento da mobilidade do trato gastrointestinal e causar diarreia[3,4].
pode potencializar a ação de medicamentos hipoglicemiante[3].
Referências bibliográficas
realizada por sementes, imediatamente coletadas e transferidas para saquinhos plásticos contendo substrato solo, areia e esterco (3:2:1), ou somente solo e esterco (3:1), quando o solo apresentar consistência arenosa. A germinação ocorre entre 10 a 30 dias após a semeadura, com porcentagem de 60 a 80%. As mudas devem permanecer em viveiro (sombrite de 50%) por 4 meses, até atingirem 20 cm de altura. Posteriormente, devem ser transplantadas para local definitivo, a pleno sol ou meia sombra), em covas de de 30x30 cm contendo 1 kg de esterco, com espaçamento de 1 m entre plantas e 1 m entre linhas [ 1 , 2 ] .
a irrigação deve ser realizada em dias alternados. Esta espécie é exigente em água [ 2 ] .
as folhas são colhidas manualmente (igual ao processo de colheita dos frutos de café), sem cortar os ramos, pois a rebrota é considerada lenta ou não ocorre após o corte. Segundo a sabedoria popular a colheita das partes aéreas das plantas deve ser realizada, preferencialmente, na lua cheia. A colheita dos frutos maduros (cor vermelha) deve ser realizada manualmente, após a retirada da polpa as sementes devem ser lavadas em água corrente e depositadas sobre pano seco por até 48 horas. Posteriormente, são acondicionadas em frascos etiquetados e armazenadas em local adequado à temperatura ambiente ou em câmara fria à 18°C. Após 3 meses as sementes começam a perder a viabilidade, contudo, em câmara fria este processo inicia somente a partir do 6º ao 8º mês [ 1 , 2 ] .
a secagem das folhas deve ser realizada em estufa de ar circulante a temperatura de 45°C/36 horas. Posteriormente, a droga vegetal pode ser moída em moinho de faca, até a granulometria de 40 mesh. Armazenar em ambiente não úmido e utilizar por um período máximo de 6 meses [ 2 ] .
Referências bibliográficas