Jacaranda decurrens Cham.

Carobinha.

Sinonímia 
Jacaranda decurrens subsp. symmetrifoliolata Farias & Proença
Família 
Informações gerais 

Endêmica do Cerrado brasileiro, sendo considerada uma espécie subterrânea com “copa” do sistema radicular que pode atingir mais de 20 m de diâmetro, com idade superior a 3000 anos. Suas principais indicações são: depurativa, cicatrizante, antisséptica, antiobesidade, anti-inflamatória e citotóxica[1,2].

Referências informações gerais
1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 126-130.
2 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 147-149.
Descrição da espécie 

Subarbusto com cerca de 50 cm de altura (esta é a única espécie anã do gênero de árvores pertencentes à família Bignoniaceae), possui vários ramos partindo do tronco basal ou rizoma espesso; a parte aérea é curta e pouco ramificada, com até 60 cm de altura, os ramos novos são pilosos e os mais velhos glabros; folha recomposta-paripenada, com pecíolos longos, possui 8 ou mais jugos, de cor verde-acastanhados ou verde-acinzentados, com pinas opostas, alternadas, imparipinadas e pecíolo caniculado, folíolos frequentemente alternados, lineares, com cerce de 8 mm de comprimento e 2 mm de largura, glabos na face adaxial e pilosos na face abaxial, com margem revolutas; flores em racemos curtos, de 3 a 4 cm de comprimento, com eixo pubescente, partindo da base lenhosa, com cálice campanulado dividido até o meio ou mais alto em lobos oblongos, pubescente em ambas as faces, corola campanulada, violácea ou azulada; fruto em cápsula, achatada, de até 9 cm de comprimento e 7 cm de largura[1,2].

Referências descrição da espécie
1 - DURIGAN, G. et al. Plantas do cerrado paulista: imagens de uma paisagem ameaçada. São Paulo: Páginas & Letras Editora Gráfica, 2004, p. 87.
2 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 126-127.
Exibe Planta Medicinal: 
Nenhum
Nome popular Local Parte da planta Indicação Modo de preparo Forma de uso Restrição de uso Referências
Carobinha Brasil Folha e casca

Depurativa e no tratamento de problemas cutâneos.

Infusão e decocção.

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[ 1 ]
Carobinha Brasil Folha e raiz

Antissifilítica, anti-inflamatória e no tratamento de problemas cutâneos.

­No vinho (garrafada).

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-

[ 1 ]
Carobinha Brasil Casca

Para o tratamento de coceira.

Infusão.

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-

[ 1 ]

Referências bibliográficas

1 - GACHET, M. S.; SCHÜHLY, W. Jacaranda-an Ethnopharmacological and Phytochemical Review. J Ethnopharmacol, v. 121, n. 1, p.14-27, 2009. doi: 10.1016/j.jep.2008.10.015

Anti-inflamatória

Anti-inflamatória
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Casca da raiz ou do caule.

Extrato: 560 g do material vegetal (seco) em 0,7 L de etanol/água (70:30). Doses para ensaios: 100 e 300 mg/kg.

In vivo:

Em ratos Wistar tratados com extrato vegetal e submetidos ao teste de edema de pata induzido por carragenina, com posterior análise da espessura do edema e atividade da enzima mieloperoxidase.

Observou-se que o extrato de J. decurrens apresenta atividade anti-inflamatória, principalmente na dose de 300 mg/kg.

[ 4 ]

Antiobesidade

Antiobesidade
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato: maceração do material vegetal (pó) em etanol/água (80:20 v/v). Rendimento: 12%. Dose para ensaio: 400 mg/kg.

In vivo:

Em ratos Wistar submetidos a dieta hipercalórica e tratados com extrato vegetal, com posterior análise do peso corporal, depósito de tecido adiposo em orgãos e tecidos, ingestão de água e alimentos, excreção fecal e parâmetros bioquímicos (triglicerídeos, colesterol total, hemoglobina, hematócrito, leucócitos e glicemia).

Observou-se que o extrato de J. decurrens apresenta ação antiobesidade.

[ 1 ]

Antioxidante e Antitumoral

Antioxidante e Antitumoral
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato: maceração do material vegetal (seco) em etanol/água (80:20 v/v). Rendimento 12%. Concentrações para ensaios: (in vitro) 0,1 à 1000 µg/mL. Dose para ensaio (in vitro): (400 mg).

In vitro:

Determinar a atividade antioxidante através da eliminação do radical (DPPH).

Em eritrócitos humanos incubados com extrato vegetal, com posterior análise da atividade hemolítica induzida por AAPH (2-amidinopropano) e a peroxidação lipídica através dos níveis de malondialdeído (MDA).

Em eritrocitários lisados, incubados com extrato vegetal, para avaliar a atividade das enzimas glutationa peroxidase (GPx), superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT).

Em linhagem celular de eritroleucemia (K-562) incubada com extrato vegetal, com posterior análise da citotoxicidade, morte celular, atividade da caspase-3 e potencial de membrana mitocondrial.

 

In vivo:

Em ratos Wistar suplementados com dieta rica em frutose, com posterior análise dos níveis de MDA.

Observou-se que o extrato de J. decurrens apresenta ação antioxidante dose-dependente, antitumoral, além a ausência de citotoxicidade em células normais.

[ 2 ]
Ensaios toxicológicos

Sistema reprodutor masculino

Sistema reprodutor masculino
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato: maceração de 500 g do material vegetal (pó) em 500 mL de água. Doses para ensaios: 250 e 500 mg/kg.

In vivo:

Em ratas prenhes ou lactante Wistar tratados com o extrato vegetal, com posterior análise da prole masculina quanto a descida testicular, peso corporal e dos órgãos reprodutivos, produção, histopatológica do testículo e epidídimo, contagem e morfologia de espermatozóides (testículo, epidídimo e ducto eferente), consumo de alimentos e água e histopatológica.

Observou-se que o extrato de J. decurrens altera o sistema reprodutor masculino na puberdade, sem prejudicar a produção de espermatozóides na idade adulta.

[ 3 ]

Toxicidade aguda

Toxicidade aguda
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha

Extrato: maceração do material vegetal (pó) em etanol/água (80:20 v/v). Rendimento: 12%. Doses para ensaio: 2 e 5 g/kg.

In vivo:

Em ratos Wistar submetidos ao teste de toxicidade aguda.

Observou-se que o J. decurrens não apresenta mortalidade e sinais de toxicidade até a dose de 5000 g/kg.

[ 1 ]
Raiz

Extrato: 560 g do material vegetal (seco) em 0,7 L de etanol/água (70:30). Doses para ensaios: 0 à 2000 mg/kg.

In vivo:

Em ratos Wistar submetidos ao teste de toxicidade aguda.

Observou-se que J. decurrens não apresenta sinais de toxicidade até 2000 mg/kg.

[ 4 ]
Raiz

Extrato: material vegetal (seco) 560 g em 3,5 L água e etanol (70:30) v/v. Doses para ensaios: 0 à 1000 mgkg.

In vivo:

Em ratos Wistar tratados com extrato vegetal submetidos ao teste de toxicidade subaguda, análise de parâmetros bioquímicos, hematológicos, histopatológicos (fígado e rim), produção e motilidade de espermatozóides (testículo e epidídimo).

Observou-se que o extrato de J. decurrens não apresenta danos para o sistema reprodutor masculino, além da ausência de toxicidade subaguda.

[ 5 ]

Referências bibliográficas

1 - ANTUNES, K. A. et al. Antiobesity effects of hydroethanolic extract of Jacaranda decurrens leaves. Evid Based Complement Alternat Med, p.1-8, 2016. doi: 10.1155/2016/4353604
2 - CASAGRANDE, J. C. et al. Antioxidant and cytotoxic activity of hydroethanolic extract from Jacaranda. PLoS One, v. 9, n. 11, p. e112748, 2014. doi: 10.1371/journal.pone.0112748
3 - ARENA, A. C. et al. Maternal exposure to aqueous extract of Jacaranda decurrens: effects on reproductive system in male rats. Pharm Biol, v. 50, n. 2, p.195-200, 2012. doi: 10.3109/13880209.2011.592538
4 - SANTOS, J. A. et al. Anti-inflammatory effects and acute toxicity of hydroethanolic extract of Jacaranda decurrens roots in adult male rats. J Ethnopharmacol, v. 144, n. 3, p.802-805, 2012. doi: 10.1016/j.jep.2012.10.024
5 - SANTOS, J. A. et al. Subacute and reproductive oral toxicity assessment of the hydroethanolic extract of Jacaranda decurrens roots in adult male rats. Evid Based Complement Alternat Med, p.1-6, 2013. doi: 10.1155/2013/414821

Farmácia da Natureza
[ 1 ]

Fórmula

Tintura

Alcoolatura

Componente

Quantidade

Componente

Quantidade*

Etanol/água 70%

1000 mL

Etanol/água 80%

1000 mL

Raiz seca

100 g

Raiz fresca

200 g

                                                             * Após a filtragem ajustar o teor alcoólico da alcoolatura para 70%, com adição de etanol 98%, se necessário. 
Modo de preparo

Tintura: pesar 100 g de raiz seca pulverizada e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 70%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.

Alcoolatura: pesar 200 g de raiz fresca, lavar, picar e colocar em frasco de vidro âmbar; em seguida adicionar 1000 mL de etanol a 80%, tampar bem o frasco e deixar a planta em maceração por 7 dias, agitando o frasco diariamente. Após esse período, filtrar em papel de filtro e envasar em frasco de vidro âmbar.

Principais indicações

Intoxicações em geral e nódulos benignos.

Posologia

Uso oral: tomar de 1 a 3 gotas por quilo de peso, divididas em 3 vezes ao dia, sempre diluídas em água (cerca de 50 mL ou meio copo).

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 147-149.

Dados Químicos
[ 1 , 2 , 3 , 4 , 5 ]
Marcador:
Principais substâncias:

Flavonoides

luteolina, mirricetrina, quercetina e caempferol.

Saponinas

Triterpenos

ácidos jacárico, usólico e oleanólico.

Referências bibliográficas

1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 127.
2 - ANTUNES, K. A. et al. Antiobesity effects of hydroethanolic extract of Jacaranda decurrens leaves. Evid Based Complement Alternat Med, p.1-8, 2016. doi: 10.1155/2016/4353604
3 - CASAGRANDE, J. C. et al. Antioxidant and cytotoxic activity of hydroethanolic extract from Jacaranda decurrens leaves. PLoS One, v. 9, n. 11, p. e112748, 2014. doi: 10.1371/journal.pone.0112748
4 - SANTOS, J. A. et al. Subacute and reproductive oral toxicity assessment of the hydroethanolic extract of Jacaranda decurrens roots in adult male rats. Evid Based Complement Alternat Med, p.1-6, 2013. doi: 10.1155/2013/414821
5 - SANTOS, J. A. et al. Anti-inflammatory effects and acute toxicity of hydroethanolic extract of Jacaranda decurrens roots in adult male rats. J Ethnopharmacol, v. 144, n. 3, p.802-805, 2012. doi: 10.1016/j.jep.2012.10.024

Advertências: 

suspender o uso se houver alguma reação indesejável[1].

Contraindicações: 

em gestantes, lactantes e pacientes alcoolistas, abstêmios ou em tratamento para o alcoolismo (referente ao uso de formulações contendo etanol)[1].

Efeitos colaterais e toxicidade: 

não há dados na literatura.

Interações medicamentosas: 

não há dados na literatura.

Referências bibliográficas

1 - PEREIRA, A. M. S. et al. Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza. 3 ed. São Paulo: Bertolucci, 2020, p. 148-149.

Propagação: 

é realizada por sementes. Estas devem ser semeadas em um recipiente com no mínimo 15 cm de diâmetro e 20 cm de altura para permitir o desenvolvimento normal das raízes pivotantes. Utilizar solos arenosos ou substrato solo/areia (1:1). As sementes apresentam dormência de 6 semanas e a germinação é de 72%. A rega deve ser realizada diariamente e após 6 meses da germinação deve ser realizada em dias alternados. As mudas devem ser mantidas em viveiro por 1 ano até que o ramo principal atingir 0,5 cm de diâmetro, posteriormente transferir para local definitivo com espaçamento de 1x1 m [ 1 ] .

Colheita: 

para propagação da espécie deve-se realizar a expedições de coleta das sementes. Os frutos devem estar abertos espontaneamente, e retirar manualmente a expansão alada que recobre a semente. As sementes não são longevas, portanto precisam ser plantadas no máximo de 1 mês após a coleta, depois desse período perdem rapidamente a viabilidade [ 1 ] .

Problemas & Soluções: 

a parte aérea apresenta crescimento limitado, sendo acentuado até os 320 dias após a germinação da semente, após este período o crescimento não é mais significativo. O peso fresco e seco das folhas aumenta com a idade da planta, atingindo estabilidade as 550 dias. O desenvolvimento do sistema radicular ocorre de forma inversa ao da parte aérea. O crescimento da raiz é constante, sendo que entre 380 e 470 dias após a germinação da semente é menos acentuado, e aos 550 dias mais mais acentuado. Após este período o desenvolvimento é constante [ 1 ] .

Referências bibliográficas

1 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 2. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 127-128.

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